Metade da população mundial, cerca de 3,8 bilhões de pessoas, não têm acesso a banda larga móvel. Desse grupo, apenas 500 milhões vivem em áreas sem sinal de 3G ou 4G. A cobertura deixou de ser o principal motivo para a falta de acesso: hoje as redes de banda larga móvel alcançam 94% da população mundial. Nos últimos cinco anos, cerca de 1 bilhão de pessoas ganharam cobertura dessa tecnologia. Enquanto isso, existem hoje 3,3 bilhões de pessoas que vivem em áreas com sinal de 3G ou 4G mas que não têm acesso a essas redes, representando 87% dos desconectados do planeta.

“A população desconectada pode ser dividida em dois grupos: aqueles que moram em locais sem cobertura, o que chamamos de ‘coverage gap’, e os que moram em áreas cobertas mas não usam, que chamamos de ‘usage gap’”, descreveu Claire Sibthorpe, head of connected woman & connected society – mobile for development da GSMA, durante painel do Mobile World Congress, realizado em formato híbrido (presencial e online) nesta segunda-feira, 28. “Atualmente, o ‘usage gap’ é sete vezes maior que o ‘coverage gap’. Portanto, nossa prioridade precisa mudar. Não basta levarmos cobertura, mas estimular o uso”, resumiu.

“Achávamos que se criássemos as redes as pessoas viriam. Agora temos a cobertura, mas as pessoas não se conectam”, concordou Doreen Bogdan-Martin, diretora do escritório de desenvolvimento de telecomunicações da UIT, que participou do mesmo painel.

Motivos

Há vários motivos para explicar porque as pessoas não acessam. Um dos principais é o custo, tanto do aparelho quanto do serviço. A UIT recomenda que o custo de telefonia móvel deveria representar 2% do orçamento mensal de uma pessoa, mas em alguns países chega a 40%, apontou Bogdan-Martin. 

Outra razão é a falta de letramento digital. Por não saberem usar ferramentas digitais, muitas pessoas pobres têm medo de experimentá-las. Este motivo estaria presente em 65% dos desconectados que vivem em áreas com cobertura, disse a executiva da UIT.

Por fim, existe o problema da falta de conteúdo e/ou serviços locais que interessem a essas pessoas. Sobre esse ponto, o diretor de negócios da Parallel Wireless para Europa e Oriente Médio, Amrit Heer, entende que as operadoras móveis poderiam exercer um papel importante, fomentando a oferta de conteúdos e serviços locais, para atrair esses novos assinantes e gerar mais tráfego de dados em suas redes.