Um dos lugares do mundo em que a questão da privacidade de dados se tornou uma tragédia foi na Alemanha, na Segunda Guerra Mundial: nazistas construíram pouco a pouco um banco com dados de todos os judeus, e estas informações foram para a polícia. O horror que aconteceu depois serve de aprendizado de que a privacidade de dados é um direito humano.

É o que defendeu o presidente da Microsoft, Brad Smith, em um evento conjunto com o Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS). Smith falou sobre questões urgentes da tecnologia atual, como privacidade de dados, segurança e desenvolvimento ético e responsável da inteligência artificial (IA). Smith também lançou o livro “Armas e Ferramentas: O futuro e o perigo da Era Digital”, escrito em parceria com Carol Ann Browne, gerente geral e executiva de comunicação da Microsoft.

Segundo Ronaldo Lemos, cientista-chefe do ITS e especialista em tecnologia, que mediou o encontro, a privacidade e o princípio da autodeterminação informativa caminha para se tornar um direito essencial. “São questões diretamente relacionadas a vários outros direitos, como a proteção à dignidade humana, à saúde, entre outros”, afirmou.

Brad Smith acredita que seja importante utilizar recursos históricos o tempo todo para entender o contexto que vivemos. “As mudanças no mundo da tecnologia não começaram só com os smartphones e celulares. Isso está acontecendo há quase 300 anos. A tecnologia pode ser, sim, uma ferramenta extremamente útil para resolver qualquer problema que tivermos, mas também é uma arma para ataques cibernéticos, criando novos problemas que precisamos resolver”, disse.

Em entrevista ao Mobile Time, Lemos levantou questionamentos importantes, como qual o papel que cabe aos países em desenvolvimento em face do avanço da IA. “Seremos meros fornecedores de dados e compradores de ferramentas? Ou teremos a possibilidade de participar do desenvolvimento de aplicações de IA? Acho que temos de apostar as fichas de políticas públicas na segunda opção”, colocou.