Ao longo dos próximos cinco anos, com o crescimento da base de smartphones, a participação da mídia móvel no mercado publicitário total da América Latina deve atingir entre 40% e 50%, ao custo de uma redução da publicidade na TV, aposta Gaston Taratuta, CEO e fundador da IMS, hub de mídias sociais de empresas do Vale do Silício na América Latina.

De acordo com dados da eMarketer e do ZenithOptimedia, a publicidade na televisão responde por 57% do mercado na região (contando TV aberta e fechada), enquanto o digital (móvel, vídeo, buscas, mídias sociais e display) representa 16%. Somente em março, o mercado publicitário movimentou US$ 42 bilhões na América Latina. Taratuta acedita que os próximos dois anos serão vitais para o setor.

“Nosso foco é em (tecnologia) mobile nos próximos dois anos”, afirma o CEO argentino, que é responsável por vender espaços de mídia para parceiros como Netflix, Spotify e Waze na América Latina. “Não podemos pensar no mobile como futuro. O futuro é hoje”.

O empresário critica os grandes conglomerados de comunicação, que não teriam investido no setor. “Se Televisa, Clárin e Globo tivessem investido mais (em publicidade digital), o digital estaria acima dos 16% hoje”, diz Taratuta, que antes de fundar a IMS teve passagens pelo Grupo Folha e pelo UOL.

Diante de um crescimento de 40% e um lucro de US$ 155 milhões no último ano da IMS, o argentino explica que a tendência de crescimento faz parte da evolução da Internet. “No começo, a porta de entrada da publicidade digital foram os browsers (navegadores). Depois passou para os portais, surfing (navegação) e agora chega aos aplicativos”, completa.

Jornada do consumidor

O diretor geral da IMS para o Brasil, Alexandre de Freitas, cita como exemplo da evolução tecnológica a “lei cidade limpa” de São Paulo, que proibiu o uso de outdoors no município. Em sua visão, isso deu abertura para o crescimento da mídia mobile. “O smartphone é a evolução da mídia out-of-home. Antes as empresas podiam investir em outdoor (em São Paulo), hoje, isto está proibido. As agências e as empresas precisam investir em outros formatos como os smartphones”, afirma Freitas.

Brasileiro e com um ano de IMS, Freitas ainda explica que outro motivo para o crescimento da mídia em dispositivos móveis é a alteração na “jornada do consumidor”. Para ele, nos tempos atuais, as marcas precisam de presença, novas soluções tecnológicas e mensagens relevantes através de múltiplos canais.

TV x digital

Embora Taratuta e a IMS apostem que o mobile vai alcançar a TV em venda de mídia, ainda há um longo caminho a percorrer. De acordo com uma pesquisa do IAB, o mercado publicitário no Brasil movimenta R$ 38 bilhões por ano. A TV aberta ainda lidera o setor com 56% desse mercado, aproximadamente R$ 21 bilhões. Em seguida, a mídia para internet aparece com 22%, ou R$ 8 bilhões. Abaixo da internet, todos com menos de 10%, aparecem os espaços dedicados no jornal (7%), TV paga (5%), revistas (3,5%), rádio (3%) e mídia exterior (3%). As categorias de Cinema e Guia e Lista têm menos de 1%.