O uso de Radio-Frequency IDentification (RFID) por empresas com grandes cadeias logísticas e de suprimentos pode trazer impacto relevante aos negócios e aos seus consumidores. Um exemplo brasileiro é a Brascol, que trabalha no comércio atacadista do Brás, região de São Paulo, em uma área de 55 ruas, e que arrecada US$ 6 bilhões por ano (10% das receitas do mercado nacional de confecção).

Com 40 mil clientes ativos por mês, 60 mil SKUs (tipos de produtos) e entre 90 a 140 mil peças de roupas vendidas por dia, a companhia possui 100% dos produtos com tags de RFID, ou seja, com sensores que podem ser lidos como um código de barras, porém, com muito mais informações e que estão conectadas à rede da empresa. As marcações são feitas nos fornecedores e ajudam a equipe de logística da marca a movimentar os produtos comprados por telemarketing, e-commerce ou app.

O projeto começou a ser há feito três anos e, como resultado, a Brascol reduziu em 25% os estoques. Além disso, diminuiu aproximadamente 90% das reclamações de seus clientes, visto como um dos principais problemas da empresa, como explica Antonio Almeida, superintende da Brascol.

“Uma caixa com nossos produtos custa de R$ 600 a R$ 1.000. Nós tínhamos muitos clientes reclamando que faltava uma caixa no pedido. O que fazer quando o cliente diz que não recebeu? Mandávamos outra, não queríamos perdê-lo. E isso gerava prejuízo para nós”, explicou Almeida. “Esses clientes vêm de todo o Brasil e de fora. Eles levam volumes grandes e recebem suas compras no hotel, em seu ônibus ou via transportadoras.”

Almeida ficou assustado ao ver que apenas sua empresa tinha um caso de sucesso com RFID na América Latina, tanto que deu palestras nos EUA e na Itália sobre os processos e as tecnologias, além de receber executivos e empresas que buscam conhecer o trabalho feito pela rede atacadista. Recentemente, o CEO da Magalu, Fred Trajano, foi um desses gestores que foi conhecer as tecnologias da Brascol. Na ocasião, Trajano tinha estudado o uso do RFID para evitar roubos de smartphones em suas lojas.

Para chegar neste patamar, o executivo explicou que a Brascol passou por muitos processos de mudança cultural, inclusive dele próprio: “Criar processos envolve trazer parceiros, mostrar o papel de cada um, para que cada etapa aconteça corretamente. Se não tiver esse movimento, todo o processo fica difícil de ser criado. Às vezes, a gente precisa descer do salto. Tem que ter sponsors dentro da empresa que envolvam pessoas. Esse processo começou na logística. Fui a vários churrascos e feijoadas para interagir com a equipe”, relatou.

A Brascol não quer parar por aí. A empresa está desenvolvendo seu e-commerce, app e uso de beacons dentro de suas duas lojas, e está montando uma loja mista, que será lançada no mês de setembro. Esse modelo de estabelecimento permite ao consumidor comprar dentro do estabelecimento comercial e fechar a compra no online em PCs ou tablets.

Almeida participou do 3º Congresso Brasileiro e Latino-americano de IoT, nesta quarta-feira, 29, em São Paulo.