Há grande expectativa para o início da segunda fase do open banking no Brasil, prevista para julho deste ano. Nela, os consumidores poderão consentir a terceiros o acesso a seus dados cadastrais e histórico de transações em uma instituição financeira. A troca dessas informações entre as empresas acontecerá por meio de APIs, mas sempre com a autorização do consumidor, que precisará se autenticar na instituição de origem para validar o acesso da outra aos dados. Espera-se que essa segunda fase do open banking aumente a competição no setor bancário e reduza os preços através de uma personalização das ofertas, com base no histórico financeiro de cada pessoa, avalia Karen Machado, gerente de open banking do Banco do Brasil.

“O grande desafio dos bancos na fase 2 do open banking é dar um motivo para o cliente compartilhar seus dados. Ele só fará isso se vir valor”, comenta a executiva, em conversa com Mobile Time. Um dos caminhos para atrair o cliente é construir uma oferta personalizada, com preços menores, de acordo com a análise do seu histórico financeiro com a outra instituição. Com esses dados é possível calcular melhor a capacidade de pagamento e o limite de crédito de cada cliente.

“Imaginamos que haverá um impacto no preço. A competição na indústria vai gerar preços cada vez mais assertivos e personalizados. Vamos poder definir limites e preços super-adaptados para cada pessoa”, explica. Além disso, o acesso a dados cadastrais deve acelerar o processo de onboarding em um banco novo, prevê a executiva. 

“Para o consumidor o impacto vai ser muito positivo, pois será empoderado e terá mais facilidade de conseguir condições iguais ou melhores com outro banco”, acrescenta. Na sua opinião, os bancos não terão mais a opção de não serem “customer centric”. “A personalização será o grande segredo”, resume.

Até o final do ano haverá outras duas etapas do open banking. Na fase 3 será criada a figura do iniciador de pagamentos. E na fase 4 será possível compartilhar dados de outros produtos financeiros, como investimentos, seguros e previdência privada.

Fase 1

A fase 1 está no ar desde fevereiro e consiste na disponibilização de informações das próprias instituições financeiras sobre seus catálogos de produtos, preços e canais de atendimento. O consumo de APIs nesta fase está menor do que se esperava, relata Machado.

“Tínhamos uma expectativa de consumo muito maior do que se demonstrou até agora. Esperávamos uma utilização grande por parte de comparadores de preços”, informa a gerente de open banking do Banco do Brasil. O ineditismo e o fato de algumas instituições  terem tido dificuldade de atender à padronização corretamente nesse início são alguns dos fatores que contribuem para que a utilização ainda esteja aquém da projetada. “Está sendo um grande aprendizado para a indústria”, conclui.