O Brasil vai precisar importar desenvolvedores móveis para atender à demanda do mercado corporativo nacional. Essa medida é uma consequência da escassez de mão de obra especializada na área e da entrada das empresas nacionais em uma fase de maturidade em mobilidade, na qual a produção e a atualização de apps ganham um ritmo industrial. A análise parte do diretor de soluções móveis da Accenture no Brasil, Julio Ramos.

"Esse profissional vale ouro. Dá para contratar sem nem ver o currículo. Muitas empresas estão investindo na formação de desenvolvedores móveis. E vamos precisar importá-los também. Já vejo isso acontecendo hoje", diz o executivo.

Quase todas as grandes empresas brasileiras já adotaram soluções móveis de automação de equipes de campo, como vendedores, entregadores e técnicos de instalações e consertos, no caso de concessionárias de serviços públicos. Agora, começam a investir em soluções móveis para a interação com os consumidores, cujo objetivo é reduzir os custos com call centers e, ao mesmo tempo, aumentar e agilizar as vendas. "Estamos em um ponto de inflexão de maturidade da mobilidade corporativa. Quem já investiu bastante agora está no ponto de industrializar o desenvolvimento, aumentando a capilaridade e o escopo dessas soluções. Um banco, por exemplo, que até bem pouco tempo tinha três ou quatro apps, agora tem dezenas", relata o executivo. Para gerenciar atualizações das plataformas e suportar novos modelos celulares, essas empresas precisam de uma abordagem industrial no desenvolvimento móvel, explica.

Ao mesmo tempo, as soluções móveis começam a ser demandadas por empresas de pequeno e médio porte no Brasil. "Os smartphones e os planos de dados estão mais baratos, a velocidade ficou maior, os sistemas de retaguarda estão mais preparados para a integração móvel, como o ERP. Assim, o próximo passo na mobilidade corporativa vai ser a cauda longa", explica Ramos. Tudo isso gera um aumento significativo na procura por desenvolvedores especializados nas plataformas Android, iOS, Windows Phone, BlackBerry e HTML5.

Pesquisa

Uma pesquisa realizada pela Accenture no começo do ano com empresas de grande porte em 14 países mostrou que o Brasil está acima da média mundial quanto à priorização de soluções móveis corporativas. 48% dos executivos brasileiros entrevistados apontaram a mobilidade como a primeira ou segunda prioridade atualmente em sua estratégia, enquanto a média mundial foi de 43%.

A pesquisa também consultou os executivos sobre suas prioridades entre tecnologias emergentes. Entre os respondentes brasileiros, os destaques foram: desenvolvimento open-source, interfaces de usuário naturais e cercas virtuais (geofencing). Na média mundial, as principais tecnologias emergentes foram outras: wearable devices, APIs abertas e componentes de baixa energia.