A Youse é uma plataforma digital de vendas de seguros que tem a interface móvel no centro da sua estratégia de desenvolvimento de produtos. Todo o processo de contratação de seguros da empresa é feito on-line, seja pelo site ou pelo app (Android, iOS), desde a cotação até o envio da apólice – são vendidos seguros de automóvel, de vida e de residência. A Youse iniciou seus testes em abril e entrou em operação em julho.

Em breve o aplicativo contará com um botão de emergência, para o acionamento de socorro no caso de pane ou acidente com o carro: através de poucas perguntas feitas dentro do aplicativo, será definido automaticamente que tipo de serviço o usuário precisa e lhe serão informadas quais procedências deve tomar. Outra novidade em desenvolvimento é a realização de vistoria remota do automóvel, em que o segurado tira fotos com a câmera do smartphone e envia pelo app para a Youse. Muitas vistorias serão feitas com a ajuda de software de análise de imagens, poupando o segurado da espera pela visita de um técnico.

"Para tudo o que fazemos, pensamos primeiro em mobile, desde o site até o app. E depois vemos como fica para tablet e desktop", diz Eldes Mattiuzzo, CEO Youse. "Ser mobile é um posionamento, um diferencial. Sempre vamos querer estar na frente nesse aspecto. Somos mobile first", acrescenta.

O desenvolvimento é todo feito internamente. Mais de 80% dos funcionários da Youse vieram do setor de tecnologia. A empresa conta com equipes próprias de desenvolvedores para Android e iOS.

Espírito de start-up

Embora seja controlada por um grupo tradicional do mercado de seguros, a Caixa Seguradora, a Youse mantém uma operação independente. A contratação de Mattiuzzo, que tem experiência como empreendedor, teve como objetivo assegurar um espírito de start-up à companhia.

Hoje, os seguros oferecidos pela Youse, para fins regulatórios, fazem parte da Caixa Seguradora. Mas a autorização para que a start-up atue como seguradora está em fase final de avaliação pela Susep, órgão regulador desse mercado. A intenção é que a Youse seja totalmente independente da Caixa Seguradora.

"Criamos uma nova empresa, independente da Caixa Seguradora, para desenvolver produtos novos, com mindset diferente, com pegada mais de tecnologia e de start-up", explica o executivo.

Flexibilidade

A contratação de um seguro com a Youse é feita através de um passo a passo on-line, com flexibilidade, para que o consumidor monte livremente os termos da sua apólice. Na prática, não há pacotes pré-definidos: é o consumidor quem escolhe as coberturas e assistências que deseja, com milhares de combinações possíveis. Desta forma, cada segurado tem uma apólice com a sua cara, diz o executivo. A linguagem adotada nesse processo é bastante simples e informal, diferente da habitual do mercado de seguros. Outra inovação está no modelo de negócios, com cobrança de mensalidade e sem prazo para o fim do contrato. Enquanto o consumidor estiver adimplente, o seguro está válido.

"O seguro é um produto muito careta. Queremos que as pessoas olhem o seguro de maneira diferente", argumenta Mattiuzzo.

A empresa estuda o lançamento nos próximos meses de mais dois produtos: 1) seguro automotivo para perdas parciais; 2) seguro entre grupo de amigos, em que parte do dinheiro pago pelos segurados é devolvido após determinado período, caso performem bem.

Crise

Mattiuzzo reconhece que o mercado de seguros também sofre com a recessão econômica do País. Os últimos dois anos foram de crescimento nominal abaixo da inflação e aumento dos índices de sinistralidade. Contudo, ele entende que este é justamente um bom momento para lançar uma seguradora digital e que se pretende inovadora.

"Todas as seguradoras estão procurando recuperar a rentabidiade, ajustar as margens e reduzir os índices de sinistralidades em suas carteiras, preocupados em superar a crise. Isso é ótimo para a gente, porque neste momento podemos fazer experimentações, testar conceitos. E vai demorar para nos copiarem ou para surgirem novos players", avalia. "Trabalhar com inovação e tempos de crise te dá mais tempo antes de ser copiado", conclui.

Eldes Mattiuzzo, CEO da Youse