mensageria

Com o objetivo de promover o desenvolvimento do mercado de RCS no Brasil, a Vivo decidiu criar uma versão mais simples desse serviço de mensageria que está sendo chamada de “RCS básico”. Nesta versão não há conteúdo multimídia (imagens, vídeos, áudios etc) ou outros recursos típicos do RCS completo. A única diferença para um SMS é que as mensagens em RCS básico virão com o selo de verificação e o logo da empresa remetente.

O preço do RCS básico será o mesmo do SMS A2P. A ideia é que os brokers possam oferecer a novidade no lugar do SMS para seus clientes, sem acréscimo de preço. E as mensagens de RCS básico poderão descontar das franquias acertadas entre os brokers e a operadora nos contratos de SMS A2P. A iniciativa foi apresentada por Felipe Campos, diretor de canais e go to market da Vivo, nesta terça-feira, 5, em evento sobre RCS organizado pela Infobip em São Paulo.

A Vivo pretende lançar o RCS básico dentro de dois meses. A Claro, por sua vez, também trabalha para lançar a novidade, mas até o final do ano. E a TIM está aberta a trabalhar com o RCS Básico, mas não tem uma previsão de quando o lançaria.

Desafios técnicos, comerciais e culturais

As operadoras brasileiras utilizam RCS há mais de um ano, todas com a plataforma do Google, que recebe um pequeno revenue share pelo tráfego vendido. Vivo e Claro já têm contratos com brokers e definiram a precificação do RCS “completo”, separando a cobrança por mensagem e a cobrança por sessão de conversa, ambos mais caros que o SMS tradicional. A TIM ainda não fechou contrato com brokers para RCS, mas promete fazê-lo em breve.

Até agora, contudo, o RCS tem sido utilizado mais em campanhas de comunicação das próprias operadoras do que de terceiros – a não ser em pequenas provas de conceito. 

Um dos desafios para que o RCS deslanche é aumentar a base de aparelhos habilitados a trabalharem com a tecnologia. Estima-se que hoje entre 50% e 60% da base de smartphones no Brasil esteja apta a receber mensagens de RCS. Campos projeta que dentro de dois anos 80% da base da Vivo estará habilitada para essa tecnologia. Enquanto isso, a solução é fazer o chamado “fallback”: se o aparelho destinatário não suportar RCS, a mensagem é reenviada por SMS. O executivo da Vivo sugere que brokers poderiam avaliar até mesmo a possibilidade de fallback via WhatsApp.

Outro desafio é cultural. É preciso ensinar a empresas e consumidores o que é o RCS. “As questões técnicas são superáveis. O mais difícil é explicar o que é e como funciona o RCS”, comentou o consultor da GTC Mitch Cutmore, presente no mesmo evento. Uma possibilidade seria a de adotar um nome mais charmoso para o serviço, em vez de uma sigla, como a Telesp Celular fez com o SMS no seu início, batizando-o de “torpedo”. 

Potencial de competir com o WhatsApp

As operadoras reconhecem que o WhatsApp está bastante avançado na sua utilização como canal de atendimento. Contudo, ele tem muitas restrições para funcionar como um canal de envio de promoções. Além disso, mesmo que o WhatsApp fosse liberado para essa finalidade, as marcas competiriam pela atenção do consumidor com as mensagens de familiares e amigos, além dos vários grupos dos quais as pessoas participam dentro do app. Isso tudo faz com que o RCS seja encarado como um canal mais propício para o envio de campanhas de marketing.

“Os problemas do WhatsApp são seu preço e seus templates. Há um excesso de controle no WhatsApp. Não consigo fazer muitos testes A/B”, reclamou Mateus Alcantara, head de Inside Sales e CRM do Grupo Neon, que também participou do evento. Hoje, o Neon usa principalmente o SMS como canal para a venda de crédito consignado. Mas também enxerga problemas ali: “o SMS virou um canal de spam onde eu compito com fraudadores.” A criação do RCS básico, com o selo de verificação do remetente, contribuirá para resolver esse problema, separando visualmente o spam por SMS das mensagens verdadeiras das empresas, estas enviadas por RCS.