Num contexto em que a tecnologia está intrinsecamente ligada ao nosso cotidiano, os dispositivos móveis são quase que uma extensão de nossos corpos. De operações bancárias a redes sociais, mensagens pessoais às informações corporativas, o volume de dados sensíveis que circulam por esses dispositivos é imenso. Essa digitalização crescente, porém, trouxe consigo um aumento exponencial das ameaças digitais, tornando a segurança móvel uma preocupação urgente e indispensável.
Entre 2018 e 2023, houve um alarmante crescimento de 360% nos casos de estelionato, com foco em fraudes eletrônicas. O Brasil, em particular, enfrentou uma onda de roubos e furtos de celulares, com impressionantes 107 aparelhos subtraídos a cada hora. Esse cenário de vulnerabilidade física e digital evidencia a necessidade de medidas de segurança para proteger tanto os dispositivos quanto os dados neles armazenados.
A crescente sofisticação dos cibercriminosos também se reflete na variedade de malwares que visam especificamente dispositivos móveis. A proliferação de trojans, spyware e ransomware demanda ações de prevenção sólidas. Esses malwares frequentemente buscam capturar informações sensíveis, como senhas, dados bancários e contatos, colocando em risco a privacidade dos usuários. Entre as boas práticas recomendadas para evitar esse tipo de risco estão a instalação de aplicativos exclusivamente de lojas oficiais e a manutenção de sistemas operacionais atualizados, além da adoção de um sistema de proteção, do tipo “antivírus de nova geração”. Com essas ações simples, é possível reduzir consideravelmente as chances de infecção.
De todos os recursos de segurança disponíveis, a autenticação multifator (MFA) é essencial para a proteção dos dispositivos móveis. Em outras palavras, combinar uma senha forte com um fator adicional de verificação, como biometria ou códigos de autenticação, aumenta significativamente a segurança contra acessos não autorizados. Em um mundo onde um golpe ocorre a cada 16 segundos, o uso do MFA é indispensável para qualquer aplicativo que envolva dados sensíveis, como contas bancárias e redes sociais. Além disso, manter notificações de segurança e alertas de login ativo possibilita a você detectar rapidamente quaisquer tentativas de invasão.
Além das exposições físicas e tecnológicas já mencionadas, outra dimensão crítica da segurança móvel está no uso das redes Wi-Fi públicas. Isso porque essas redes, amplamente disponíveis em locais como cafés, aeroportos e shopping centers, são na verdade uma ameaça invisível. Utilizar redes públicas para acessar informações confidenciais, sem o auxílio de uma rede privada virtual (VPN), pode expor o dispositivo a ataques cibernéticos. A VPN cria uma camada extra de proteção, criptografando os dados e dificultando que invasores acessem as informações do usuário.
Outro mecanismo de proteção importante dos dados armazenados é a criptografia, que garante que os dados sensíveis estejam protegidos contra acessos indevidos, vazamento de informações, ou exfiltração de dados. Isso é especialmente relevante quando tratamos dos dispositivos móveis corporativos, que geralmente armazenam informações estratégicas das empresas – que podem estar em risco se o usuário for desatento ou descuidado. Neste caso, as soluções de gerenciamento de dispositivos móveis (MDM) são uma boa opção para as organizações que precisam controlar e proteger os dispositivos de seus colaboradores, aplicando políticas de segurança, restringindo acessos e permitindo bloqueios remotos caso necessário.
A legislação também tem um papel decisivo na proteção de dados. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), por exemplo, exige que as empresas adotem práticas de segurança rigorosas para resguardar a privacidade dos usuários. Além de regulamentações como a LGPD, diretrizes estabelecidas pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) determinam controles rigorosos em instituições financeiras, reforçando a importância da autenticação e da criptografia para evitar fraudes.
No entanto, mesmo com todas essas ferramentas e regulamentações, tudo começa na conscientização dos usuários. O treinamento para reconhecer ameaças, como phishing e smishing, é uma das formas mais eficazes para reduzir o impacto das fraudes.
Cibercriminosos frequentemente utilizam a engenharia social para enganar usuários desavisados e obter informações confidenciais, então, orientar-se a não compartilhar dados pessoais e a desconfiar de links suspeitos pode fazer a diferença entre ser ou não uma vítima de fraude.
Com a inteligência artificial (IA) e a automação ganhando espaço, novas abordagens para a segurança móvel têm surgido. A IA permite monitorar comportamentos anômalos, ajudando na detecção precoce de ameaças, tentativas de acesso indevido à informações classificadas, e na contenção rápida de possíveis ataques. Além disso, organizações que investem em IA na segurança conseguem reduzir significativamente os custos com violações de dados, uma vantagem importante em um cenário de crescente escassez de profissionais de segurança.
Por fim, a segurança móvel deve ser encarada como um processo contínuo, que inclui também o backup regular e o planejamento de recuperação de dados. Esse cuidado assegura que, em caso de perda, roubo ou violação, o usuário tenha uma alternativa para restaurar informações importantes e minimizar os impactos.
A proteção de dispositivos móveis não é apenas uma questão técnica; é uma questão de Governança de Segurança da Informação e cibersegurança, conformidade legal e uma responsabilidade de todos os usuários. Ao adotar práticas de segurança, manter o conhecimento atualizado e respeitar as normas e diretrizes, é possível enfrentar com mais confiança os desafios da era digital, onde a informação é um dos ativos mais valiosos e, portanto, um dos mais visados.