A tarifa de 50% sobre as mercadorias brasileiras importadas pelos Estados Unidos anunciada por Donald Trump na última quarta-feira, 9, causou uma série de reações de instituições ligadas aos setores produtivos do Brasil. Abinee, Abes, Fiesp e CNI pedem que a diplomacia entre em ação e que se abra uma mesa de negociação para colocar um fim à tensão. Vale lembrar que, a princípio, o tarifaço entra em vigor a partir de 1º de agosto.

Confira o que as entidades dizem.

Abinee

Em comunicado enviado à imprensa, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) mostra-se preocupada com a tarifa de 50% imposta ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pede diplomacia e negociação. Caso entre em vigor, a medida provocará impactos “relevantes nas exportações brasileiras” e nas relações comerciais entre os países. A associação descarta um motivo econômico para a decisão unilateral já que os EUA têm superávit com o Brasil.

A Abinee explica que no setor de eletroeletrônicos as exportações foram de US$ 1,1 bilhão contra US$ 2,4 bilhões de importações, registrando um saldo negativo de US$ 1,3 bilhão para o Brasil.

Diz também que os EUA são o destino principal das exportações de produtos do setor e que, no primeiro semestre deste ano, houve crescimento de 23,1% se comparado com o mesmo período do ano passado.

O tarifaço de Trump afetaria equipamentos elétricos de grande porte que seriam importantes para a infraestrutura de recarga de veículos de carros elétricos, mas também poderia afetar as exportações de motores, geradores e componentes para equipamentos industriais, entre outros.

Abes

A Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software) segue a mesma linha em seu comunicado, dizendo que “lamenta” a ação de Trump, que o Brasil tem uma sólida parceria cooperação que vai além de 200 anos e que esta mesma parceria gera milhares de empregos.

“Neste contexto, conclamamos as autoridades dos dois países para que empreendam o máximo de esforços na busca da conciliação. É importante que se reforce o diálogo para que se reduzam impactos – seja no câmbio, ou no fluxo bilateral de investimentos –, necessários a ambas as economias”.

Fiesp

Já a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) afirma em sua carta que as razões do tarifaço não são econômicas e que o “Brasil, assim como os Estados Unidos, é uma nação soberana em que prevalece o estado democrático de direit, com a separação dos três poderes e, vale enfatizar, muito inspirado nos princípios instituídos pelos Founding Fathers da América”.

Para a Fiesp, “a soberania nacional é inegociável”, reforça.

E, depois de um início crítico e mais enfático, pede negociação:

“Negociar com serenidade, a partir de fatos e estatísticas verdadeiras, é de interesse comum às empresas brasileiras e americanas, que sempre foram bem-vindas ao Brasil. A livre atuação das empresas americanas, como de qualquer empresa nacional ou de outro país, deverá ser assegurada nos termos da legislação brasileira”.

E encerra a carta com votos de que a diplomacia vença.

“Esperamos que a diplomacia e as negociações equilibradas prevaleçam, a despeito de ideologias e preferências pessoais, e que o bom senso volte a nortear a relação entre essas duas grandes nações soberanas.”

CNI

A Confederação Nacional da Indústria também recebe a notícia da tarifa com preocupação. Em avaliação do seu presidente, Ricardo Alban, “não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão”, escreveu Ricardo Alban, presidente da CNI.

A Confederação lembra que os EUA são o terceiro principal parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira. Com o aumento da tarifa para 50%, haverá um “impacto significativo na competitividade de cerca de 10 mil empresas que exportam para os Estados Unidos”, diz em seu posicionamento.

Uma consulta preliminar feita pela CNI com empresas mostra que um terço das respondentes que exportam bens e/ou serviços aos EUA já tiveram algum impacto negativo com a tarifa de 10% imposta por Trump. O levantamento foi entre junho e início de julho.

A CNI estima que 3.662 empresas dos EUA possuem investimentos no Brasil e que há 2.962 empresas brasileiras em território norte-americano.

Em 2024, para cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano, foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil, estima CNI. “Portanto, o aumento da tarifa de importação americana para 50% impacta diretamente a economia brasileira e abala a cooperação com os EUA”, conclui.

 

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