O consumo de música mudou muito na última década e o streaming de música terminou de enterrar a venda de CDs, que já amargava uma profunda crise. Atualmente, a mídia física – CD, vinil e k7 – é consumida por colecionadores.

Spotify, Deezer, Apple Music, Tidal e outros aplicativos moldaram, inclusive, a contabilização dos artistas. Se antes a venda de CDs mensuravam o sucesso de um álbum, hoje as reproduções dizem quem está na crista da onda. Mas essa revolução começa na década de 1990, quando o formato Moving Picture Experts Group (MPEG) passou a ser o “tipo” de áudio compartilhado.

O MP3 trouxe um arsenal imenso de possibilidades, demandando pouco espaço para armazenamento. Facilmente transferível de computador para computador, o MP3 poderia ser usado para se queimar um CD ou ainda para se ouvir música em aparelhos digitais.

Ironicamente, o streaming deve muito à pirataria dos primórdios da internet. Com o lançamento do Napster, em 1999, o fluxo de troca de arquivos se tornou muito mais simples e a nível mundial: usuários de diferentes países compartilhando discografias inteiras de forma gratuita.

A indústria fonográfica, obviamente, não poderia ter ficado mais revoltada e, nos Estados Unidos, a Associação da Indústria Fonográfica da América (Record Industry Association of America – RIAA, em tradução livre) mobilizou o setor, após perdas milionárias, e artistas como Madonna e Dr. Dre levaram o Napster à Justiça, em 2001.

Também ironicamente, um meio para ouvir música digital, mas físico para os parâmetros atuais, contribuiu para que os artistas acostumados com vendas de CDs entrassem num acordo com a comunidade conectada online. A Apple lançou o iPod, em 2003, e de mãos dadas veio o iTunes Music Store, onde músicas unitárias eram vendidas a US$ 0,99. E assim surgiu o pai – ou a mãe – dos serviços de streaming de música.

É importante lembrar que o SoundCloud, entre 2007 e 2008, permitia que artistas fizessem o upload de música em seu nome, tornando possível que usuários ouvissem música no ambiente online.

Deezer, em 2007, e Spotify, em 2008, chegaram ao mercado reunindo tudo que veio antes deles em um único lugar. Com acordos de remuneração junto a gravadoras e artistas (em média de US$ 0,003 a US$ 0,005 por reprodução, ou stream, a depender de diversos fatores, no caso do Spotify, e cerca de US$ 0.0064 por reprodução, ou US$ 6,40 por cada 1000 reproduções, no caso da Deezer), as empresas criaram todo um novo ambiente de negócios para a indústria da música.

Amazon e Google, em 2013, TIDAL e Apple Music, em 2015, entraram no mercado, ampliando as opções de consumo para o usuário. Entre estes, chama atenção como o setor está em constante mudança.

Se por um lado, o formato de remuneração e valores são alvos de críticas por parte dos artistas, também é curioso como grandes nomes da música entraram no meio rapidamente. O TIDAL surgiu na Noruega, em 2014, sob o nome WiMP, pela empresa sueca Aspiro. No ano seguinte, foi relançado com o nome TIDAL, declarando oferecer um serviço com áudio de alta fidelidade (lossless) e com foco nos artistas, sendo adquirido por uma empresa controlada por Jay-Z.

Para se ter uma ideia, Taylor Swift seria uma destas artistas críticas dos moldes Spotify e por um período retirou sua discografia dos streamings, disponibilizando somente no TIDAL.

A nostalgia puxou a venda de vinil e, segundo um levantamento feito em março deste ano pela Pró-Música Brasil, de todas as mídias físicas vendidas no país em 2025, 76,4% correspondem aos discos de vinil, isto é, R$ 16 milhões. Por outro lado, para se ter uma ideia, o Spotify teve lucro anual inédito após 16 anos, com 263 milhões de assinantes pagos, e lucro líquido de US$ 1,2 bilhão em 2024. A francesa Deezer, em 2024, registrou um crescimento de 12% na receita e chegou a €542 milhões.

 

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