O varejo brasileiro vive uma transformação acelerada. Mudanças no comportamento do consumidor, digitalização dos meios de pagamento e margens cada vez mais apertadas desafiam empresas de todos os portes a repensarem sua forma de operar — não só no atendimento ao cliente, mas principalmente na retaguarda financeira.
Neste contexto, um caminho tem se mostrado eficaz para aumentar competitividade e rentabilidade: assumir o controle do próprio meio de pagamento. Isso significa operar com cartões private label, implantar soluções de crédito internas ou, ao menos, estabelecer parcerias com operadoras financeiras especializadas.
O modelo é simples e eficiente. Ao oferecer um sistema próprio de crédito, o varejista passa a capturar parte do valor que antes era direcionado a bancos e operadoras. Além disso, fortalece a relação com o cliente, que permanece mais tempo no ecossistema da marca e tem acesso a benefícios personalizados. Em outras palavras, o crédito vira estratégia de fidelização e alavanca de faturamento.
Com o avanço das Sociedades de Crédito Direto (SCDs), o Brasil abriu espaço para um novo perfil de empresa: varejistas que operam como fintechs, com soluções de pagamento sob medida e adaptadas à realidade de seus negócios. Essas empresas agora podem emitir e operar cartões com a própria marca, ofertar crédito direto ao consumidor final e ter autonomia sobre taxas, limites e políticas de concessão. O modelo, antes exclusivo de grandes redes ou instituições financeiras, passou a ser viável para operações de médio porte.
A realidade que vemos de perto é clara: o modelo tradicional de processamento financeiro não atende mais às demandas do varejo moderno. Hoje, dezenas de redes varejistas de diferentes portes já adotam modelos próprios de crédito e meios de pagamento, com resultados concretos. Muitos relatam ganhos expressivos em controle da inadimplência, aumento no ticket médio e maior retorno sobre as vendas parceladas. Em vários casos, a substituição de sistemas tradicionais por soluções mais flexíveis reduziu significativamente os custos operacionais, além de oferecer mais agilidade e autonomia na gestão financeira.
Rentabilizar a operação passou a ser uma necessidade urgente. O pequeno e médio varejo brasileiro precisa assumir o protagonismo da sua gestão financeira – seja com soluções próprias, seja com parceiros tecnológicos que entendam o seu negócio. O futuro não pertence apenas aos grandes bancos ou às big techs. Pertence a quem transforma tecnologia em estratégia, e relacionamento em resultado.