O iFood (Android, iOS) apresentou nesta quinta-feira, 9, a sua plataforma interna de criação de agentes de inteligência artificial. O objetivo a partir deste lançamento é que cada funcionário tenha o seu próprio agente até março de 2026, ou seja, 8 mil agentes de IA.
Em vídeo exibido durante evento de tecnologia da empresa em Osasco, o CEO Diego Barreto afirmou que a ideia é que o agente de IA para o funcionário seja não apenas um assistente, mas um “parceiro digital que aprende, evolui e potencializa o melhor de cada um de nós”. Em sua estratégia de negócios, Barreto afirmou que a IA do iFood fortalecerá todo o ecossistema, de modo a orquestrar oferta e demanda em tempo real.
Atualmente, a empresa de delivery tem 3,5 mil agentes de IAs internos divididos em:
- Nível inicial com capacidade básicas, como pergunta e resposta;
- Nível júnior com consulta a uma base de conhecimento, mas não pode executar ações externas;
- Nível pleno focado em ação, o agente pode executar ações em sistemas externos;
- Nível sênior, o agente é baseado em orquestração avançada e pode atuar com gerenciamento de fluxos de trabalhos e multissistemas.
Atualmente, a empresa tem 190 modelos de IA que contribuem em 30% para o seu EBITDA mensal em dólar. Passando por 1 mil (re)treinos por mês, os modelos fazem 25 bilhões de predições por mês, como qual prato mostrar ao cliente, qual restaurante etc.
Inteligência artificial no iFood

Thiago Viana, diretor de inovação e parcerias do iFood (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)
Segundo Thiago Cardoso, diretor de tecnologia e IA do iFood, a jornada da plataforma em inteligência artificial não é de hoje. Começou em 2018 com governança de dados, criação de data lake, time de dados, aquisição de duas empresas de IA (Hekima e Maplink) e a utilização de sistemas de IA como parte da cultura da empresa.
Apenas seu data lake conta com 16 petabytes de dados.
Cardoso explicou ainda que o arcabouço tecnológico do iFood em inteligência artificial é construído de forma agnóstica com:
- Soluções de terceiros, como OpenAI, Microsoft Azure, Amazon Bedrock, Hugging Face e Anthropic;
- Uma camada de segurança para garantir incremento de privacidade, detecção e anonimização de dados sensíveis;
- Uma camada generativa para acessar os modelos de fundação, assim como implementar controle de acesso, billing e ferramentas de privacidade;
- A última camada é de aplicações de IA generativa.
Com este stack de IA generativa, o iFood processa mensalmente 150 bilhões de tokens, 62 milhões de requisições nos modelos em 203 serviços que são administrados por 361 usuários (desenvolvedores e times internos).
Por sua vez, Thiago Viana, diretor de inovação e parcerias da plataforma, recordou que o iFood tem “duas black fridays por dia”, uma na hora do almoço e outra no jantar, algo que precisa de uma estrutura robusta de tecnologia para atender a escalada diária que o sistema tem com aumento de pedidos até o final do almoço, queda no começo da tarde e volta do crescimento no fim do dia. Isso tudo em um ecossistema completo e hiperlocal com iFood Pago, iFood Shop, iFood Salão, iFood Benefícios e o Anota Aí que engloba:
- 120 milhões de pedidos mês, sendo 4 milhões por dia;
- 450 mil entregadores;
- 8 mil colaboradores;
- 60 milhões de consumidores;
- 450 mil estabelecimentos em 1,5 mil cidades.
Agentes na prática

O stack de tecnologia de inteligência artificial generativa mostrado por Thiago Cardoso, diretor de IA da plataforma (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)
Durante o evento voltado à imprensa, o diretor de tecnologia reforçou que, apesar de estarem com IA desde 2018, o diferencial mais recente foi o avanço da IA generativa: “No final de 2022 surge o ChatGPT que muda completamente a forma como fazemos o uso da IA”, disse, ao citar duas principais alterações.
“Uma das mudanças é que agora somos capazes de construir serviços e produtos que antes não conseguíamos, pois a tecnologia traz novas capacidades. A mais óbvia dessas capacidades é o conversacional, que permite conversarmos de uma forma fluida que antes não era possível”, explicou Carvalho. “O segundo é a possibilidade de construirmos sistemas de IA. Isso se torna muito mais simples: qualquer pessoa pode criar um sistema de IA. Basta escrever um prompt para criar um agente. Isso muda completamente o jogo”, concluiu.
A partir da IA generativa, a companhia apresentou alguns agentes que trazem resultados práticos, como:
- O groceries data assistant, um agente que acelera as análises comerciais sobre supermercados parceiros que reduziu as avaliações para o time comercial de 30 para 5 minutos;
- O James, plataforma criada para a equipe comercial da empresa que oferece acesso imediato e em tempo real a dados, o que permite aos executivos fazerem a integração e o treinamento (onboarding) de forma mais ágil, o que trouxe uma economia de 1,8 mil horas por mês;
- A agente de atendimento ao consumidor final Rosie, que está com 70% de seus chamados automatizados e com resolução média de 10 minutos, ante 38 minutos do atendimento humano;
- O Jhow, um assistente para o entregador com decisões rápidas em situações críticas, como desencontro entre cliente e entregador (algo que impacta menos 1% dos 4 milhões de pedidos diários). Ao todo, Jhow tem 2,1 milhões de atendimentos mensais, o que torna o suporte ao entregador 40% mais rápido;
- A Cris, assistente para restaurantes venderem com base em dados próprios e do ecossistema local, chegou a 96% de assertividade com uma base de 10 mil clientes.
Imagem principal: Thiago Cardoso, diretor de IA do iFood (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)