O Brasil é a prioridade da chinesa DiDi no mercado de delivery de comida, através da marca 99Food. Essa é uma das diferenças em relação à primeira e fracassada tentativa da empresa em atuar nesse segmento no país, antes da pandemia. Naquela época, ela também estava entrando em outros mercados ao mesmo tempo e não conferiu a atenção necessária para se firmar em entrega de refeições por aqui, reconheceu o diretor geral da 99 no Brasil, Simeng Wang, em coletiva de imprensa sobre a chegada da 99Food no Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 14, na capital fluminense.
“O Brasil é muito diferente e requer o foco estratégico do grupo. Isso foi o nosso maior aprendizado. Ano passado a DiDi fez uma reunião e definiu que Brasil é o mercado mais estratégico para o grupo todo. Isso é o nosso ponto de partida”, comentou Weng.
Além do Brasil, a empresa chinesa atua em delivery no México, Colômbia, Peru e Costa Rica.
Base de consumidores e de colaboradores da 99
Há outra diferença importante em comparação com a primeira tentativa da 99 de atuar em delivery no Brasil: hoje a sua base de consumidores e de colaboradores é muito maior do que era antes.
A 99 tem 55 milhões de usuários, o que representa praticamente um quarto da população brasileira. O número é um dos argumentos de vendas na hora de convencer restaurantes a aderirem à 99Food.
E com o lançamento em 2022 da modalidade de corrida de passageiros em motocicletas (motohailing), a 99 construiu uma relevante base de motociclistas que agora vão ajudá-la na entrega de refeições, pois querem aumentar sua receita diária. Ao todo, são 1,5 milhão de colaboradores no país, entre motoristas de carros e de motos.
Cada tipo de serviço dentro do app do 99 tem diferentes picos de demanda ao longo do dia. Os picos do motohailing acontecem no começo da manhã e no começo da noite, horários em que as pessoas estão indo para o trabalho e voltando para a casa. A entrega de encomendas, por sua vez, costuma acontecer dentro do horário comercial, no meio da manhã e no meio da tarde. E o delivery de comida tem maior demanda na hora do almoço e do jantar.
“Somos a única plataforma que oferece três diferentes modais para motos: motohailing, entrega de encomendas, e agora delivery de comida. São serviços com picos diferentes ao longo do dia. Com esses três integrados em um único app, nossos parceiros conseguem ser mais produtivos e ganhar mais”, argumenta o diretor geral da 99.
Aumentar o bolo do delivery
O foco da 99Food não é roubar o mercado que hoje está concentrado no iFood, mas aumentar o tamanho do mercado brasileiro de delivery de comida.
“Chegamos não apenas para fazer entrega de comida, mas para renovar e redefinir o setor. Queremos que o setor de delivery do Brasil dobre, ou triplique de tamanho. Vemos muito potencial”, disse Weng.
Para o Rio de Janeiro, por exemplo, a meta da empresa é conseguir aumentar em mais de 50% o tamanho do mercado de delivery dentro de um ano e meio. “Só crescendo o mercado conseguimos oferecer um serviço mais eficiente”, avalia.
A empresa identificou em uma pesquisa que as pessoas comprariam mais no delivery se os preços fossem os mesmos praticados pelos restaurantes no balcão. Para estimular isso, decidiu isentar de qualquer comissão no delivery os estabelecimentos que mantiverem os preços iguais.
“Tem muito espaço para crescer, mas para isso precisamos fazer diferente”, resumiu Bruno Rossini, diretor de comunicação da 99Food.
Foto no alto: diretor geral da 99 no Brasil, Simeng Wang, no lançamento do serviço no Rio de Janeiro (crédito: divulgação)