Muito provavelmente, se você é um adulto na faixa dos 25+, ao menos, já ouviu falar do Orkut. A rede foi criada em 2004, pelo homônimo Orkut Büyükkökten, engenheiro do Google, em um programa da big tech que estimula funcionários a se dedicarem a projetos pessoais uma vez por semana.

A chegada do Orkut foi marcada por turbulências, isso porque a empresa de softwares para mídias sociais, Affinity Engines, processou o Google, alegando que parte do código e dos bugs do Orkut eram na verdade do inCircle. Büyükkökten foi cofundador da companhia, ao lado de seu amigo de faculdade, Tyler Ziemann.

Na ação judicial constava que o engenheiro aceitou uma oferta de emprego no Google, quando ainda trabalhava no inCircle. Segundo a Affinity, ele ainda tinha assinado um contrato em que deixava claro que suas criações pertenciam unicamente à empresa, mas nada disso impediu que o Orkut se tornasse uma febre.

Ciente da capacidade de sua invenção, Büyükkökten definiu que o ingresso à plataforma fosse possível apenas por convite. Ele acreditava que o Orkut teria capacidade de suportar até 200 mil contas, mas ao longo de seus dez anos, ele somou 30 milhões de usuários, uma maioria composta por indianos e brasileiros. 

Página inicial do Orkut

Página inicial do Orkut. Imagem: Reprodução/Orkut

Saudosas comunidades do Orkut e outras funções

Quem foi usuário do Orkut de certo se recorda das comunidades. Uma página em que usuários podiam discutir sobre o assunto, como se fossem fóruns, mas que também era uma forma de mostrar do que gostavam ou o que pensavam, já que havia uma área do perfil destinada exclusivamente às comunidades das quais a pessoa era membro. As temáticas variavam de “Eu odeio acordar cedo” a “Te Incomodo??? Que peeena!!!” e marcaram uma geração, que ainda lembra delas com bastante carinho.

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Comunidade “Eu Odeio Acordar Cedo”, uma das mais lembradas pelos usuários brasileiros. Imagem: Reprodução/Orkut.

Durante mais da metade de sua existência, a rede social limitava o número máximo de amigos por conta a 1 mil pessoas, obrigando os usuários a criarem novas contas. Outra limitação era em relação às fotos, já que o usuário podia subir apenas 12, mas aos poucos esse limite foi subindo, chegando ao auge de 1 mil imagens. É, parecia que o Orkut gostava muito do número.

Com muitos amigos e muitas fotos, era a hora de olhar os perfis. Aliás, na hora de “stalkear”, o que valia mesmo era dar aquela lida nos depoimentos – declarações de afeto que ficavam públicas, mas que também eram usadas para mandar aquela mensagem privada, possibilidade inexistente na rede social, já que os scraps – que teriam essa finalidade – ficavam visíveis. 

Também dava para ver quem foram os últimos visitantes do perfil, mas havia uma contrapartida: as pessoas também veriam se você fez o mesmo nas contas delas. Portanto, se o usuário desejasse não estar na lista, precisava também abrir mão de visualizar seus últimos visitantes.

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Ao clicar nos emojis, você classificava o amigo. Imagem: reprodução/Orkut.

Outras ferramentas interessantes eram as avaliações, em que era possível “classificar” o amigo como sexy, legal e confiável em uma escala de 1 a 4. A personalização já era uma possibilidade, já que o dono do perfil podia mudá-lo de cor e até colocar imagem de fundo. Por fim – e não menos nostálgico –, existiam diversos jogos hits, como o Café Mania, Colheita Feliz e BuddyPoke. Neste, você podia criar um avatar igual a você e interagir com seus companheiros de rede. Não à toa, muita gente usava o game para flertar.

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BuddyPoke permitia interação entre usuários. Imagem: reprodução/Orkut.

Versão móvel foi a derrocada

O Orkut chegou aos aparelhos móveis só em 2008, enquanto o Facebook, por exemplo, já tinha sua versão para celulares desde 2006. O atraso, em parte, foi causado pelas dificuldades que o Google enfrentou em adaptar a rede social para a versão mobile. Isso porque o código-fonte da rede social era limitado e impedia o avanço de uma escalabilidade.

Em meio a isso, a rede social também não conseguiu melhorar algumas funções, como personalização de ferramentas e a própria privacidade – algo que o seu principal concorrente também já oferecia. Em 2014, cerca de sete anos após o Google comprar a rede social, ele resolveu colocar um ponto final nessa história. A justificativa era de que outras ferramentas do Google acabaram abocanhando o espaço do Orkut, como o Google+, YouTube e Blogger.

Na época, Paulo Golgher, diretor de engenharia da empresa, escreveu em post: “Foram dez anos inesquecíveis. Pedimos desculpas para aqueles que ainda utilizam o Orkut regularmente. Esperamos que vocês encontrem outras comunidades online para alimentar novas conversas e construir ainda mais conexões, na próxima década e muito além”.

O fim da mídia social deixou muitos órfãos e motivou o brasileiro Murillo Fagá a recriá-la em 2016. Só que mesmo visualmente parecida, quem resolveu utilizar a cópia reclamou da lentidão. Mas ainda há esperanças… Nos últimos anos, porém, rumores de uma volta da versão original vieram à tona, com o próprio criador do Orkut falando abertamente sobre recriar a rede, embora não tenha deixado claro quando isso aconteceria. 

Imagem: logo do Orkut. Reprodução/Orkut

 

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