Um estudo da Atlas/Intel encomendado pelas associações Zetta, ABFintechs, Abranet e ABCD apontou que metade (51,5%) dos brasileiros acredita que as fintechs não competem em pé de igualdade com os grandes bancos. Feita com 2,2 mil pessoas no mês de outubro, a pesquisa busca mostrar a percepção do brasileiro sobre os novos entrantes bancários do Brasil e o eventual aumento gradual e escalonado da Contribuição Sobre Lucro Líquido (CSLL).
Aprovado recentemente na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o projeto de lei (5473/2025) está aguardando avaliação na Mesa Diretora da Casa para definir se vai para votação em plenário.
Se aprovado, o incremento da CSLL será da seguinte forma:
- De 9 para 15% em 2026;
- De 15% para 17,5% em 2027;
- De 17,5% para 20% em 2028.
Com 20%, as fintechs teriam o mesmo pagamento de CSLL que os bancos incumbentes. Em contrapartida, o PL também dobra a arrecadação líquida em bets – e colabora para adicionar à economia nacional:
- R$ 5 bilhões em 2026;
- R$ 6 bilhões em 2027;
- R$ 6,5 bilhões em 2028.
Contudo, a percepção dos participantes da pesquisa é que a maioria (92%) acredita que uma maior taxação das fintechs resultaria em mais custo para o consumidor, em especial:
- Tarifas e anuidades de serviços bancários;
- Juros de empréstimos para pessoas físicas;
- Juros do cartão de crédito.
Impactos por Zetta e ABFintechs
Para Eduardo Lopes, presidente da Zetta, esse estudo e outros dados podem ser uma ferramenta central para se contrapor ao aumento e colaborar com a discussão no legislativo, mas também para mostrar como a sociedade brasileira reconhece o papel das fintechs, uma vez que 84,5% dizem que essas empresas colaboram para a inclusão financeira e 85% veem impacto positivo ou muito positivo das novas entrantes.
“Essa é a principal importância (da pesquisa). Evidenciar algo que imaginávamos. Um fato, a partir de outros elementos que tínhamos, como o ranking de reclamações do Banco Central, os atendimentos das próprias fintechs e os dados de inclusão”, disse, ao afirmar que espera alcançar os parlamentares com esses dados. “A nossa expectativa é de que essa pesquisa seja ouvida como as pessoas estão vendo o valor nas fintechs. Como as pessoas acham que uma política pública deve ser conduzida do ponto de vista de aumento da competição, de aumento da inclusão e de diminuição da concentração”, completou.
Por sua vez, Diego Pérez, o presidente da ABFintechs, enfatizou que um eventual aumento da CSLL pode afetar fintechs pequenas que sobrevivem com um único produto: “Uma grande fintech pode usar um dos produtos que não é tão rentável assim – eventualmente até deficitário – para embarcar o cliente pela primeira vez para depois adicionar produtos na experiência dele no consumo daquele serviço”, explicou.
“Mas as fintechs que têm um produto só ainda estão na jornada de crescimento, buscando o seu lugar ao sol. Então, a tributação acaba atingindo um grupo muito grande de fintechs que, potencialmente, vão ficar no meio do caminho”, completou.
Imagem principal: Ilustração produzida por Mobile Time com IA.
