O plano da Anatel de leiloar a faixa de 450 MHz para serviços móveis (SMP) vai pôr em risco as operações de missão crítica de redes celulares privativas (RCPs) do setor elétrico que estão sendo construídas nessa faixa de frequência, alerta Dymitr Wajsman, presidente da UTCAL América Latina, entidade que representa companhias de energia que possuem infraestrutura de telecomunicações.
“A realização de leilão de frequências para o SMP na faixa de 450 MHz poderá trazer sério risco à operação das redes de missão crítica das utilities operando nesta faixa devido à possibilidade de ocorrência de interferências prejudiciais provocadas por sistemas comerciais que recebam outorga da Anatel”, diz Wajsman, em posicionamento enviado a Mobile Time.
Ele sugere que as metas de cobertura de estradas poderiam ser cumpridas com a faixa de 700 MHz, em vez de 450 MHz. E lembra ainda que não há qualquer menção a um eventual leilão da faixa de 450 MHz em 2026 no Plano de Uso do Espectro de Radiofrequências 2025-2032, publicado pela Anatel em outubro de 2025.
O setor elétrico está conduzindo uma série de projetos de grande porte na faixa de 450 MHz nos últimos 12 meses, com a instalação de RCPs 4G. Porém, a incerteza em torno da destinação da faixa estaria atrasando a conclusão de algumas dessas licitações, como as de Cemig e CPFL, apontam fontes ouvidas por Mobile Time. Estima-se que os novos projetos de RCPs de Copel, Cemig e CPFL vão movimentar mais de R$ 200 milhões.
Posicionamento da UTCAL
Leia abaixo a íntegra do posicionamento do presidente da UTCAL, Dymitr Wajsman, enviado para o Mobile Time:
A destinação da faixa de 450 MHz ao SLP é prevista no Plano de Atribuição, Destinação e Distribuição de Faixas de Frequência no Brasil (PDFF), aprovado por Resolução Anatel nº 772, de 16 de janeiro de 2025, e devidamente regulamentada pelo Ato nº 915, de 01 de fevereiro de 2024.
Com base nestas disposições regulatórias várias empresas de energia elétrica (utilities) efetuaram, no último biênio, vultuosos investimentos em aquisição de equipamentos e implantação de redes privativas 4G/LTE na faixa de 450 MHz para suporte à operação integrada de sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
As redes LTE sendo implementadas pelas utilities possibilitam a integração de vários serviços em aplicações antes suportados por redes distintas numa única rede, possibilitando economias de escala e uma maior resiliência operacional. São redes de missão crítica e sua operação deverá ser protegida, de modo a evitar interferências prejudiciais originadas por fontes que operem em caráter primário.
A realização de leilão de frequências para o SMP na faixa de 450 MHz poderá trazer sério risco à operação das redes de missão crítica das utilities operando nesta faixa devido à possibilidade de ocorrência de interferências prejudiciais provocadas por sistemas comerciais que recebam outorga da Anatel.
Não há menção a um eventual leilão de frequências na faixa de 450 MHz em 2026 no Plano de Uso do Espectro de Radiofrequências 2025-2032, publicado pela Anatel em outubro de 2025.
O atendimento às necessidades de cobertura das rodovias federais, obrigação advinda do leilão de 5G, poderá ser efetuado pelos vencedores do leilão de 700 MHz, que está em curso.
A imagem no topo da matéria foi produzida por Mobile Time com IA
