Nas últimas décadas, a atuação das mulheres no mercado de trabalho tem aumentado progressivamente, além de passar por significativas transformações. Tudo isso se deve a uma série de fatores, como o desenvolvimento econômico e tecnológico, maior acesso à educação, mudanças socioculturais, e sobretudo, a luta constante pelos direitos à igualdade e equidade. Apesar de haver um avanço expressivo acerca da presença feminina no mundo laboral, nós ainda precisamos enfrentar inúmeras barreiras e desafios para ocupar postos de liderança e ter salários igualitários.

Neste sentido, existem diversos aspectos que precisam ser levados em consideração pelas empresas e seus gestores, principalmente em áreas historicamente dominadas pela atividade masculina, como tecnologia. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), apenas 20% dos profissionais de TI são mulheres. O número é reflexo da desigualdade de gênero no mercado de tecnologia. Por isso, devo destacar a importância da representatividade feminina em cargos de liderança, afinal, quem teria mais credibilidade para debater sobre questões de gênero nestes espaços e promover melhorias relevantes, além da própria mulher?

Entre os desafios que enfrentamos no mercado de tecnologia, acredito que a falta de representatividade seja um dos mais alarmantes. Geralmente, há poucas de nós em posições de liderança em empresas desse ramo, o que pode dificultar o progresso de outras mulheres na área. Além disso, em relação às perspectivas de crescimento, alguns estudos demonstram que os homens possuem mais chances de serem promovidos que as mulheres, mesmo quando as qualificações são as mesmas. Com todas essas barreiras, é preciso continuar lutando pelo nosso espaço para que as próximas gerações possam ser mais igualitárias na questão de gênero.

Existem várias estratégias que podem ser adotadas para encorajar a construção de um cenário mais equilibrado. O empoderamento é um ponto muito importante neste processo de trilha para a liderança, que inclui o incentivo na obtenção de mais qualificações, na participação de mais mulheres palestrantes em eventos de tecnologia e no apoio às empresas fundadas por figuras femininas. Além disso, programas de mentoria e redes de suporte são um grande diferencial nos sentidos de acolhimento e construção de relacionamentos na área.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Catho,  marketplace de tecnologia que conecta empresas e candidatos, as mulheres têm ocupado 23,6% dos postos nesse setor, e os homens 76,4%. Ainda que os números não estejam em pé de igualdade, já notamos uma evolução importante de crescimento das mulheres neste setor. Vale lembrar que as empresas têm investido cada vez mais em iniciativas que fomentem a igualdade de gênero nos cargos ocupados como forma de apoiá-las e trazer desenvolvimento sólido dentro do ambiente de trabalho para futuramente ocuparem cargos de lideranças.

Acompanhando as movimentações de mercado, temos observado muitas iniciativas que vão desde equiparação salarial, retenção de mães até treinamentos, palestras e cursos de capacitação. Algumas empresas também partem de um ponto importante: incentivar programas de tecnologia para meninas nas escolas por meio de cursos de programação, robótica e palestras voltadas para mulheres na tecnologia. Essas ações também são formas de abrir caminhos para que as garotas se descubram como futuras profissionais da área.

Em suma, ser uma mulher com carreira profissional ou com o próprio negócio na área de tecnologia ainda significa enfrentar desafios constantes. As iniciativas promovidas pelas empresas têm mudado um pouco o cenário, mas precisamos dar ainda mais notoriedade a igualdade de gênero e a criação de um ambiente inclusivo. Temos um longo caminho a percorrer, todavia a representatividade é algo imprescindível para que possamos continuar caminhando rumo a um futuro onde nossas filhas e netas serão líderes de suas gerações.