A conectividade está tão inserida nos hábitos pessoais que pouco nos atentamos como a evolução de cobertura, de velocidade e latência de conexão têm possibilitado mais e melhores serviços de comunicação, que mudam o cotidiano de empresas e cidadãos e impõem novos padrões de exigência em termos de demanda e instantaneidade por serviços cada vez mais complexos.

Para manter esse alto nível de entrega, foi lançado, há pouco mais de um ano, o Open Gateway, uma iniciativa do setor de telecomunicações que permite transformar as redes em uma plataforma com interfaces abertas por meio de APIs padronizadas sob a estrutura do CAMARA, o projeto de código aberto liderado pelo Linux Foundation e TM Forum, em colaboração com a GSMA.

Replicando as palavras de José María Álvarez-Pallete, presidente Executivo da Telefónica e presidente da GSMA: “As telecomunicações do futuro serão extremamente inteligentes e seus recursos atenderão a um mundo digital e conectado”. Este é um caminho sem volta para uma sociedade cada vez mais integrada pelas comunicações e pelos serviços habilitados pela conectividade e a inteligência de dados imersivos.

A iniciativa Open Gateway, coordenada pela GSMA, estabelece as bases para a introdução de APIs (Application Programming Interfaces) de rede com acesso universal para desenvolvedores e provedores de serviços em nuvem para ampliarem e implantarem serviços – de forma ágil e simples –, por meio de pontos de acesso desta, que se torna a maior plataforma de conectividade do planeta com aproximadamente 40 operadoras móveis em todo o mundo, dentre elas a Telefônica, a Vodafone, a Deutsche Telekom e a Verizon, representando 228 redes móveis e 64% das conexões globais.

É algo semelhante ao que é feito com o Sistema Operacional Android: várias empresas se agrupam sob a sua tecnologia e os desenvolvedores, que atuam a serviço delas, usam esse sistema operacional e contribuem para sua evolução constante, sempre conectados com as operadoras de telefonia.

Por meio desse projeto mundial, as empresas atuam de forma compartilhada em constante troca de conhecimento e são capazes de acelerar a transformação digital do setor e, ainda, minimizam custos de implantação, gestão e lançamentos mercadológicos das empresas, o que representa uma verdadeira transformação nas operações de telecomunicações. Um estudo da McKinsey divulgado pela GSMA mostra que o Open Gateway tem potencial para desbloquear, através da tecnologia 5G, um mercado potencial de US$ 300 bilhões até 2030.

Brasil é destaque

Durante o Mobile World Congress 2024, realizado em Barcelona, o Brasil teve grande relevância: no país, as operadoras Claro, TIM e Vivo foram as primeiras a aderir. De início, três serviços de segurança digital foram anunciados pelo grupo em âmbito nacional: verificação de números, troca de SIM e localização do dispositivo, que ficarão abertos e acessíveis para desenvolvedores que usam Azure (nuvem da Microsoft). A tendência é que a parceria cresça porque as operadoras brasileiras já estão habituadas a realizar operações em conjunto com organizações internacionais. Por exemplo: a Claro tem ligações nos EUA com a Verizon; a TIM tem operações na Europa com Orange, na França, além da estrutura de cooperação global da Telefônica, apenas para citar alguns exemplos.

Todo esse movimento é uma transformação importante que tem acontecido no mercado, pois apresenta resultados concretos para o funcionamento da indústria e impacta em todas as etapas de operações. Inicialmente, acreditava-se que o projeto seria indicado apenas para grandes operadoras, mas as menores também têm trabalhado e obtido resultados promissores, além de conseguirem se adaptar a todas as exigências pela facilidade que a transformação digital agrega a empresas de todos os tamanhos.

A atuação da iniciativa Open Gateway ainda está no início e outras empresas devem se integrar a ela de forma fluida, uma vez que o protocolo é aberto. A única diferença entre o associado e os “aderentes” sem contrato assinado em definitivo é que estes não recebem as atualizações na mesma velocidade. Outro detalhe a ser lembrado quando as operadoras não são integrantes oficiais é que a governança, no início, observa procedimentos específicos de segurança de dados.

A facilidade de uso das APIs é também vista como vantagem operacional, principalmente no ambiente corporativo, o que impulsiona cada vez mais sua utilização e conhecimento no mercado nos próximos anos, trazendo segurança digital para que tudo continue instantâneo como sempre, com dados protegidos como nunca.

Por fim, vale citar que todo o ecossistema de mobilidade irá se beneficiar ao alavancar os benefícios intrínsecos do 5G, por meio do uso extensivo de APIs, que se tornarão disponíveis nas redes de conectividade, sem fronteiras e com enorme alcance geográfico, contando com a segurança e a gestão de um grande mercado harmonizado entre as operadoras consorciadas.