Inovar, integrar, conectar, agilizar. Verbos que têm feito parte das ações de todos os setores da economia para atender a demanda do mercado atual. Em tempos de acelerada transformação digital, é preciso estar sempre um passo à frente no tempo, antevendo tendências e as rápidas mudanças no comportamento dos consumidores. Um dos últimos segmentos a entender esse cenário, o ecossistema financeiro vem correndo atrás do prejuízo.

Especialmente no Brasil, o setor acelerou a inovação e a integração com o open banking. O “banco aberto” permite o compartilhamento de informações do usuário entre diferentes instituições autorizadas. Capitaneado pelo Banco Central (BC), traz importantes benefícios para o ecossistema, como aumento da competitividade, barateamento das tarifas bancárias, maior oferta de crédito, e o desenvolvimento de produtos e serviços customizados, de forma muito mais ágil e colaborativa. Outro ponto positivo é a centralização da consulta de informações financeiras em uma única interface, onde fica toda a movimentação realizada por cidadãos e empresas em diferentes bancos e estabelecimentos.

Em outros países onde o open banking já funciona há mais tempo, como na China, é possível notar uma grande evolução no mercado. Embora no país asiático o sistema tenha partido da iniciativa privada e não da pública como aqui, se expandiu por todo o território e, hoje, os consumidores chineses já estão acostumados a compartilhar seus dados financeiros com diversas empresas para terem mais acesso a produtos e serviços.

Um passo para a inclusão

Colocando o cliente no centro, o open banking também melhora a experiência dos usuários, que ganham serviços muito mais personalizados e com mais transparência, o que traz um controle muito maior de suas vidas financeiras. Com a integração e o acesso simplificado aos dados sobre as finanças, o Banco Central espera que o sistema possa possibilitar num futuro a inclusão dos desbancarizados.

 Ainda que a digitalização fomentada pela pandemia tenha ajudado a incluir parte da população no ecossistema financeiro, pelo menos 34 milhões de brasileiros ainda têm acesso limitado a esse universo, como mostram dados do Instituto Locomotiva. A expectativa do Banco Central é que o futuro pós-open banking ajude a reverter esse cenário, com a chegada do chamado Open Finance.

Segundo o BC, o sistema financeiro aberto expande os conceitos de inovação do open banking e vai permitir ao público a integração de novas informações, agregando em um único lugar produtos de investimentos, seguros, previdência complementar, câmbios, entre outros. Ou seja, a grande diferença é que passa a permitir a inclusão de mais instituições, além dos bancos. Por ser uma solução tecnológica de ponta, o Open Finance também é mais seguro e permite um maior controle das finanças dos clientes. Seu principal propósito é aumentar as possibilidades bancárias da população, agilizando a digitalização e o compartilhamento de informações.

Incluindo novos players no ecossistema, o BC também espera diminuir a desbancarização, possibilitando a entrada de um novo público nesse mercado. Com serviços mais baratos e uma maior gama de ofertas, será mais fácil atingir um maior número de pessoas e quebrar algumas barreiras que ainda impedem o acesso da população ao sistema.

Educação é fundamental

Os benefícios do novo sistema são inegáveis para o avanço do país. No entanto, é preciso voltar a atenção para uma ação paralela à implementação das tecnologias. Para que possa ser aproveitado de fato em todo o seu potencial, o Open Finance precisa ser empregado em conjunto com iniciativas de educação financeira. Pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que quase 46% dos brasileiros não realizam controle sistemático do seu orçamento e menos da metade dos entrevistados acredita ser financeiramente organizado.

O cenário é impulsionado pela falta de educação financeira desde a infância, como mostra outro levantamento feito pelo Ibope Inteligência, a pedido do C6 Bank. O estudo revelou que apenas 21% dos brasileiros de classes A, B e C com acesso à internet tiveram um direcionamento nesse sentido ainda pequenos. Ainda que o conhecimento seja baixo, não falta vontade de aprender: 90% dos brasileiros gostariam de saber como investir, planejar e organizar seus recursos com foco no futuro, mostrou pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva, a pedido da XPeed, braço educacional do grupo XP Inc.

Buscando ampliar o conhecimento da população, o Ministério da Educação (MEC) inseriu o tema como competência integrante da chamada BNCC (Base Nacional Comum Curricular), definindo que todas as escolas brasileiras ofereçam educação financeira como parte do currículo básico. Para auxiliar as instituições de ensino nessa empreitada, o BC lançou recentemente o Programa Aprender Valor, que disponibiliza temas e conteúdos para estimular alunos e docentes a alcançarem a educação financeira.

O futuro do open finance no País já está sendo pavimentado. Mas sua explosão e correta utilização só será possível com a soma de tecnologias de ponta e dedicação à aprendizagem e ao conhecimento. Conectando essas duas vertentes, em alguns anos, o país pode ter cidadãos muito mais conscientes, um ecossistema financeiro mais eficiente e novos impulsos para acelerar seu desenvolvimento. Resta saber qual será a próxima parada dessa jornada.