O que acontece quando duas inteligências artificiais são colocadas em uma conversa sem fim?
Mais do que curiosidade técnica, esse encontro revela algo fundamental: agentes inteligentes podem não apenas responder comandos, mas construir sentido juntos. Quando duas IAs trocam ideias, observamos emergir comportamento, personalidade e até um tipo de improviso – um novo patamar de interação que nos obriga a repensar como se estrutura a comunicação no ambiente digital.
As possibilidades dessa troca são infinitas. Duas IAs conversando podem gerar sínteses inéditas de conhecimento, negociações mais eficientes, interpretações cruzadas de dados em tempo real, ou até mesmo novas formas de colaboração. Um agente especializado em tendências de mercado pode interagir com outro, focado em comportamento do consumidor, para prever o sucesso de um lançamento. Um agente imobiliário poderia dialogar com o assistente de uma construtora para entender o perfil ideal de moradia. Ou pense em uma IA de marketing negociando, em tempo real, com o agente de mídia de uma plataforma, otimizando campanhas sem intervenção humana direta.
Esses encontros nos levam a um ponto inevitável: a interoperabilidade entre agentes será um dos pilares da próxima era da internet. Em vez de navegarmos sozinhos, teremos representantes digitais que falam entre si, interpretam nossos objetivos e tomam decisões em nosso nome. E isso não se faz apenas com lógica ou machine learning. Exige linguagem, memória, contexto e algo que talvez estejamos apenas começando a explorar: personalidade.
Nesse contexto, já há experiências que nos ajudam a vislumbrar esse futuro. Uma delas é a Conversa Infinita, instalação da Meta apresentada no MIS-SP, onde duas inteligências artificiais interagiram continuamente, com participação do público, em um fluxo espontâneo e imprevisível. Mais do que entretenimento, foi um laboratório vivo para entendermos como personalidades artificiais se constroem e, claro, o que isso diz sobre nós.
Fora da área experimental, esse também não é um futuro tão distante. Mark Zuckerberg, CEO da Meta, já revelou que pretende usar IA nos mecanismos de anúncio da empresa para eliminar a dependência da indústria de publicidade, que hoje faz o meio de campo entre os anunciantes e as plataformas. O objetivo é que a AI da Meta seja a responsável pelas atribuições das agências, como produção das peças de conteúdo e definição de público-alvo, por exemplo.
No fim das contas, se cada agente for apenas uma cópia do que já existe, teremos mais do mesmo. Mas se pudermos arquitetar personalidades – únicas, alinhadas a propósitos, conscientes de contexto – então estaremos realmente ampliando o papel da tecnologia na mediação entre humanos, marcas e sistemas.
Esse futuro não é algo completamente distante. Na verdade, é a condução lógica do nosso presente. A internet dos agentes é a próxima etapa da jornada.