Pelo segundo ano consecutivo, a inteligência artificial é um dos temas mais quentes no Mobile World Congress, em Barcelona. Não é para menos: muita gente aposta que a inteligência artificial provocará um impacto na sociedade maior do que aquele gerado pela Internet. Ela vai afetar todo mundo e todos os setores da economia, da agricultura ao entretenimento, da medicina ao varejo, da manufatura às telecomunicações.

O setor de telecom terá um papel de protagonismo nessa nova revolução tecnológica. Isso ficou mais claro na edição deste ano do evento de Barcelona. Aponto abaixo quatro razões para embasar essa afirmação.

1) Em primeiro lugar, as operadoras de telefonia móvel servirão como uma relevante fonte de dados para o treinamento de sistemas de inteligência artificial. As informações sobre deslocamento de pessoas pelos grandes centros urbanos serão de extrema importância para a construção de soluções de inteligência artificial para aplicações como planejamento urbano; turismo; publicidade; varejo; e construção de imóveis. As teles são capazes de oferecer amostras que são estatisticamente representativas de toda a diversidade da nossa sociedade, em razão da universalização do serviço móvel.

2) As redes de quinta geração (5G) serão essenciais para o envio de dados para máquinas que vão operar de forma autônoma com inteligência artificial, sejam carros sem motorista, ou drones sem piloto, ou robôs fabris. A baixa latência e a alta velocidade propostas pelo 5G permitirão tais aplicações.

3) As teles estão entre as pioneiras na aplicação de robôs com inteligência artificial no atendimento ao consumidor, em razão de seus altos custos com call center. Há diversas experiências em andamento nesse sentido com operadoras ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Assim, vão colaborar para o amadurecimento dessa tecnologia, para o aprimoramento de técnicas de processamento de linguagem natural e para a naturalização da conversa com robôs por parte do público em geral.

4) A massificação dos smartphones levou ao barateamento dos processadores móveis, graças ao ganho de escala. Esse barateamento está propiciando que tais processadores sejam experimentados por outros produtos, como drones, sensores de Internet das Coisas e robôs em geral. Eles estão aproveitando a inteligência miniaturizada que a indústria de telecom levou décadas para desenvolver para os smartphones. Boa parte do processamento de aplicações de inteligência artificial acontecerá nos próprios equipamentos, sem depender da nuvem, graças a tais processadores.