A computação em borda, ou edge computing, é um paradigma que chegou para complementar o modelo da computação em nuvem em todos os setores de mercado, entre eles, telecomunicações. Este é um dos mercados que mais tem sentido os impactos do alto volume de tráfego de dados e a necessidade iminente de investimentos em infraestrutura de TI, para acomodar as antenas de tecnologia 5G, que estão dominando
suas estruturas.

O anúncio da criação da tecnologia de quinta geração em 2013 gerou uma enorme expectativa no mundo sobre os benefícios que esta nova banda larga, ampla e veloz, poderia oferecer para a vida das pessoas e das empresas. Contudo, embora haja uma imensa oportunidade embutida neste processo, a chegada da novidade traz também desafios quanto à necessidade de ampliação da rede de conectividade nacional, em razão do perfil de onda do 5G.

Afinal, trata-se de uma transmissão de dados com velocidade de upload e download entre 10 e 20 vezes superior ao 4G atual, o que diminui drasticamente a latência das respostas. Além disso, a rede 5G promete uma conexão de sinal mais estável e cobertura mais ampla, por utilizar melhor o espectro de rádio, permitindo que mais dispositivos estejam conectados ao mesmo tempo.

Não se trata apenas de velocidade de conexão, de smartphones mais potentes ou de sinal de Internet inabalável, rápidas análises em tempo real, o que viabilizaria a implantação desde veículos autônomos, drones, sistemas de segurança, serviços de saúde a parques industriais conectados pelo mundo, trabalhando em sinergia.

Segundo o Gartner, a previsão é que, até 2022, cerca de 50% dos dados empresariais sejam produzidos fora do data center. Ou seja, há uma tendência na descentralização dos dados e, consequentemente, no processamento dessas informações, aumentando cada vez mais a necessidade por computação em borda. Essa descentralização acontece visto que, se há o uso intenso da borda, será necessário que cada localização geográfica possua infraestrutura para lidar com as demandas locais de computação, o que gera impactos positivos até mesmo na capacidade da Internet como um todo.

Considerando que os dados são processados próximos dos usuários, isso significaria que essas mesmas informações não precisam sequer trafegar pela Internet, o que diminui o nível de congestionamento em nível global, gerando impactos positivos a todos os envolvidos e para os usuários finais. Assim, é possível prever que uma infinidade de novos negócios será gerada a partir desta revolução digital. Entretanto, há desafios importantes a serem vencidos para que este mundo hiperconectado se torne real.

Na contramão, a desvantagem é a sua dificuldade em percorrer grandes distâncias de forma íntegra, bem como transpor barreiras físicas de alta densidade. Em resumo, o sinal 5G não viaja bem e não atravessa prédios ou mesmo parques arborizados. Para contornar a questão, diversas tecnologias estão sendo aplicadas:

  • Small cells networks: uma extensa infraestrutura de transmissão pulverizada, com retransmissores do sinal 5G para contornar os obstáculos e garantir a disponibilidade do sinal;
  • Massive MIMOs (Multiple Input Multiple Output): adaptação da estrutura de torres 4G existentes utilizando maciçamente estações MIMOs – bases com centenas de portas que ampliam exponencialmente a capacidade de conectividade das antenas;
  • Beamforming: distribuição de sinal de forma direcionada para um local ou até mesmo para um usuário específico; e
  • Full Duplex: nova tecnologia de reciprocidade que permite trocas de alta velocidade na emissão/recepção de dados, eliminando interferências na linha de transmissão.

A resposta para uma efetiva disponibilidade do 5G alia recursos de conectividade e de edge computing. Os desafios para a implementação da nova tecnologia seriam facilitados com uma computação de borda eficiente, por levar o processamento dos dados para a ponta da cadeia. Assim, aproximando a geração do processamento, elimina-se a necessidade de transmissão entre longas distâncias e reduz-se, portanto, a carência por uma infraestrutura de conectividade. Isso porque diminui-se a quantidade de dados que viajam por longas distâncias: apenas o essencial percorre o caminho para o data center central ou para a cloud.

Todos esses são recursos de conectividade e de disponibilidade de sinal do 5G, que requerem um elevado investimento, mas que inegavelmente podem trazer inúmeros benefícios quando atrelados a outras tecnologias como IoT, por exemplo.

Fica fácil visualizarmos um ecossistema de baixa latência, onde empresas e equipamentos conversam entre si em uma velocidade nunca experimentada. Um real time das máquinas revelando um mundo novo de possibilidades que permitirá trazer para horizontes mais próximos uma revolução só prevista para o futuro e que coloca no centro o bem-estar de quem está nas bordas do ecossistema: o próprio ser humano.