O Esc! era vendido como um celular para navegação pessoal (Crédito: divulgação)

Em 1999, anos antes do surgimento do Google Maps, o Benefon Esc!, o primeiro celular com GPS, foi lançado pela companhia finlandesa Benefon Oyj, especializada em dispositivos de comunicação sem fio, cujos produtos eram desenvolvidos e fabricados na Finlândia. O Esc! juntava a tecnologia GSM, nas bandas 900 e 1800 MHz, ao Global Positioning System (GPS), o sistema de satélites para navegação do governo dos Estados Unidos. O lançamento tinha como foco o mercado europeu.

O celular tinha uma antena GPS dedicada. (crédito: divulgação)

O Esc! era resistente a choque e respingos de água. Ele dispunha de funcionalidades comuns aos celulares da época, como calendário com lembretes, notas, calculadora, alarme e jogos, funcionando como organizador pessoal. Com dimensões de 12,9 cm por 2,3 cm, e 4,9 cm de grossura, ele pesava 177 gramas e possuía uma bateria de 900 mAh. O celular, com gráfico monocromático em tela LCD, tinha um botão dedicado para ligações e mensagens de emergência.

O Esc! recebia sinal GPS de 12 satélites de uma vez, usando esta informação para calcular a posição do usuário e seus movimentos na Terra, assim como exibir o horário correto no dispositivo. Com isso, ele conseguia reunir dados como velocidade média (e a mais alta), direção, distância percorrida, distância até o destino e até mesmo o tempo previsto para chegada. A informação de localização precisava ser recebida por pelo menos três satélites para o cálculo da posição.

O navegador funcionava até mesmo fora da área de cobertura GPS, de acordo com seu manual. A combinação do GSM com o GPS permitia inovações, como a possibilidade de rastrear outros celulares Esc!, como hoje é possível com aplicativos de iOS e Android desenvolvidos para localizar dispositivos. Além disso, dava para enviar pontos de localização e rotas para outros Esc!.

Os mapas eram baixados no celular por meio de conexão com computador. Cada um era restrito a uma localidade ou tinha uma função específica. O usuário conseguia colocar mapas de turismo, mapas náuticos, topográficos e mapas urbanos. Ele conseguia enxergar ele mesmo durante a navegação, assim como outra pessoa com Esc! que estivesse tentando encontrar pelo sistema de rastreamento.

Esc! dispunha de diversas funções de GPS (crédito: reprodução)

Também era possível pedir uma rota ou as coordenadas de um local para provedores de serviços, que enviavam a informação por mensagem de texto. Por meio do serviço Skoeter, por exemplo, o usuário podia mandar um SMS para o Royal Dutch Touring Club, uma associação holandesa que dá suporte a viajantes, requisitando a localização de um restaurante próximo. Com o input do SMS, o servidor encontrava um local próximo. Para isso, o SMS precisava atender a alguns requisitos. Cada categoria e especificação tinha o seu próprio código de identificação. “ETD”, por exemplo, era “eating and drinking”, identificando lugares para comer e beber. A distância máxima que o usuário estava disposto a percorrer e o seu meio de transporte também possuíam um código.

Entre os recursos, o Esc! também tinha o T9 Text Input, uma tecnologia preditiva, que permitia digitação rápida no teclado reduzido de celulares. Usando uma base de dados com vocabulário e regras linguísticas, ele reconhecia qual palavra o usuário estava escrevendo. Se houvesse mais de uma opção possível para a combinação, o T9 escolhia aquela mais comum e permitia também ao usuário selecionar a palavra de uma lista de sugestões.