48 dias. Esse foi o tempo que o Microsoft Kin ficou no mercado. Lançado em 14 de maio de 2010, o celular tinha como alvo especialmente jovens usuários de redes sociais. Fabricado pela Sharp e vendido pela operadora americana Verizon, a ideia era atingir os mesmos nativos digitais atraídos pelo Sidekick, modelo que fez sucesso principalmente nos EUA. Inclusive, a big tech comprou a fabricante deste, a Danger, por US$ 500 milhões.

A Microsoft investiu dois anos e US$ 1 bilhão no celular, vendido como um dispositivo que facilitaria o acesso ao feed de redes sociais, além do compartilhamento de fotos e vídeos, por meio do Kin OS, um sistema operacional híbrido entre Windows Phone e algo totalmente diferente. A tela inicial, chamada Loop, agregava serviços como Facebook, Twitter, Windows Live e Myspace. A cada 15 minutos, ela era atualizada com novas notificações.

Um dos recursos inovadores do telefone era o backup automatizado na nuvem. O Kin fazia uma cópia de todo o dispositivo, incluindo fotos, vídeos, histórico de mensagens e registro de chamadas, que ficavam armazenados gratuitamente online e podiam ser acessados de qualquer navegador. O usuário não precisava nem ativar a funcionalidade.

Inicialmente foram lançados dois modelos: o Kin ONE era menor em tamanho de tela, tamanho de teclado, resolução de câmera e memória, em comparação com Kin TWO. O ONE, tinha tela de 2,7 polegadas e custava US$ 50. Seu irmão maior, de 3,5 polegadas, custava US$ 100. O salgado mesmo era o plano de dados obrigatório com a Verizon, de no mínimo US$ 70 dólares. Devido à baixa procura, depois de uma semana os preços do aparelho baixaram para US$ 30 e US$ 80, respectivamente.

Fracasso

Além do preço acima da média (incluindo o valor do plano de dados), em comparação com smartphones mais capazes já oferecidos na época, o Kin ficou conhecido pelos recursos que ele não tinha. Não era possível baixar nem apps nem games, pois não havia loja de apps. Não havia também ferramentas essenciais, como calendário.

Apesar de ser vendido como um celular voltado a redes sociais, o Kin deixava a desejar até mesmo nessa área. No momento do lançamento, por exemplo, o app do Twitter estava inacabado. Ele não suportava upload de fotos ou vídeos, nem mesmo retuítes, mensagens diretas e abertura de links. Era possível postar atualizações simples com texto, mas não anexar fotos, geotags, vídeos, gravações de áudio ou outras mídias.

Apesar do investimento pesado para se destacar como um celular dedicado às redes sociais, até neste campo os dispositivos tinham recursos limitados (crédito: divulgação)

O Facebook era limitado a mostrar atualizações de status ou postá-las, mas permitia também upload de fotos. Além disso, sua integração ao Kin OS era confusa. Ele estava tão espalhado por todo o sistema operacional, que não havia um local específico para se obter apenas as informações do Facebook. Não havia aplicativo dedicado.

O cliente de e-mail do Kin era básico, não tinha suporte para anexos de quase nenhum formato de documento, como PDF, Word, Excel, PowerPoint e OneNote. Também não dava para abrir arquivos BMP, GIF, TIF ou MP3 como anexos. Ele só conseguia abrir vídeos (WMV, MP4, 3GP, 3G2) e fotos JPG ou PNG.

Fim precoce

Depois de a Microsoft anunciar o fim das vendas do Kin ONE e Kin TWO com menos de dois meses de lançamento, os planos para levar o produto para a Europa foram por água abaixo. A Microsoft parou de promover o celular, além de interromper a produção. Rumores do Business Insider diziam que somente 500 unidades foram vendidas. CNET afirmou que foram menos de 10 mil, assim como o New York Times. Até hoje, as informações não foram negadas nem confirmadas pela Microsoft.

O estoque remanescente foi reaproveitado. Os recursos de redes sociais e Internet foram removidos dos celulares, oferecidos como Kin ONEm e TWOm, uma edição limitada, por meio da Verizon. Basicamente, todas as funcionalidades que exigiam muitos dados móveis foram eliminadas. Pelo menos, essas versões receberam um aplicativo de calendário e calculadora. O Kin TWOm foi oficialmente descontinuado em agosto de 2011.