A origem do Symbian começa nos anos 1980, no Reino Unido, com uma companhia desenvolvedora de softwares, a Psion. Nos anos 1990, ela tentou entrar no mercado de notebook, mas não deu certo, e, assim, passou a trabalhar em sistemas operacionais móveis, mas especificamente no Personal Digital Assistants (PDAs), mais conhecido no Brasil como Palmtop. Um de seus principais produtos nesse segmento foi o Psion Organizer, um computador de bolso que rodava um sistema operacional chamado Epoc.

Epoc; Psion

Psion Serie 3a: sistema operacional Epoc, que rodava nos palmtops da Psion, é o precursor do Symbian. Foto: Wikipédia/divulgação

Por conta de problemas financeiros, em 1998, a Psion decidiu licenciar seu software para uso de terceiros e se transformou na Symbian Ltd., uma joint venture entre Nokia, Ericsson e Motorola, à qual depois se juntaram Panasonic (1999), Sony com Sanyo (2000), Fujitsu (2001) e Samsung (2002). Nos dois primeiros anos de existência, a operadora trabalhou no Epoc. Em 2000, foi lançado o primeiro celular com o sistema operacional fruto dos esforços conjuntos das companhias, o Ericsson R380.

O Symbian, de fato, foi anunciado em 2001. O primeiro celular com Symbian foi o Nokia 9210. Nessa versão, GPRS e Bluetooth já estavam presentes.

Por anos o Symbian dominou o mercado até o fim da década de 2000, já que era utilizado em milhões de dispositivos Nokia, uma das líderes naquele momento. Em 2007, no ano em que o primeiro iPhone foi lançado, o sistema operacional era de longe o mais utilizado no mercado móvel, sendo usado em 65% dos dispositivos. Curiosamente, ele não era tão popular assim nos Estados Unidos.

Rodando exclusivamente em processadores ARM, um de seus diferenciais era a grande capacidade de bateria e o fato de que precisava de requisitos mínimos de hardware muito menores do que a maioria de seus concorrentes com recursos similares, como o Palm OS e o Windows Mobile.

Foi utilizado por muitas das grandes marcas de celular, como Samsung, Motorola, Sony, Ericsson, além da Nokia, claro. Também era prevalente no Japão, por meio de marcas como Fujitsu, Sharp e Mitsubishi.

O Symbian era apenas uma casca, ele necessitava de um interface de usuário (UI) para se tornar um sistema operacional completo. Diferentes UIs foram criadas para o Symbian, por diferentes grupos de fabricantes móveis, como S60 (Nokia, Samsung, LG), UIQ (Sony Ericsson e Motorola) e MOAP(S) (Fujitsu e Sharp).

Um dos motivos pelos quais o Symbian não conseguiu construir um grande ecossistema de apps, como o Android e o iOS posteriormente fizeram, foram as dificuldades que desenvolvedores enfrentavam para criar apps para o sistema operacional. Ele era complexo, assim como as linguagens que utilizava, com OPL e C++. Geralmente, a Nokia demorava quase dois anos (22 meses para ser mais exato) de desenvolvimento para habilitá-lo a um típico handset Symbian, um tempo muito grande no cenário dos smartphones. Um celular com Windows Phone, por exemplo, demorava menos de um ano.

Havia demasiada burocracia para os desenvolvedores, altos preços para IDEs e SDKs, que eram proibitivos para desenvolvedores independentes e ou pequenos. Também houve uma fragmentação, em parte causada por brigas entre fabricantes, pois cada um tinha seus IDEs e SDKs. Decisões da arquitetura o tornavam razoavelmente inflexíveis para mudar a experiência do usuário.

A Nokia adquiriu, em 2004, a parte Psion na joint venture, posterior toda a Symbian Ltd., em 2008, criando a organização sem fins lucrativos Symbian Foundation, com objetivo de transformar o Symbian em uma plataforma de código aberto e royalty-free. A companhia se tornou a maior contribuinte para o Symbian, pois possuía os recursos de desenvolvimento necessários para o core do Symbian e a interface do usuário. A Nokia manteve um repositório público de código para o desenvolvimento da plataforma, publicando regularmente nele. A ideia era que o Symbian fosse desenvolvido por uma comunidade liderada pela Symbian Foundation.

A plataforma Symbian foi oficialmente disponibilizada como um código open source em fevereiro de 2010, mas nesse ano o sistema operacional já perdia para seus novos concorrentes, chegando a um market share de 31% no final daquele ano. Em novembro, a Symbian Foundation anunciou que iria transicionar para uma organização apenas de licenciamento, por conta de mudanças econômicas globais e condições do mercado.

Em fevereiro de 2011, a Nokia anunciou uma parceria com a Microsoft para utilizar o Windows Phone em seus dispositivos, deixando para trás, aos poucos, o Symbian. A participação de mercado foi diminuindo progressivamente e os desenvolvedores de apps foram também rapidamente abandonando o sistema operacional. Em abril, interrompeu o fornecimento de qualquer tipo de código aberto, colaborando apenas com um número reduzido de parceiros no Japão. Em junho, a Nokia fez um acordo com a Accenture para para terceirizar o desenvolvimento do Symbian

Em 2014, os ativos da Symbian foram repassados para a Accenture e, a partir de então, o OS deixou de ter código aberto. No primeiro dia do ano de 2014, a Nokia terminou oficialmente o suporte ao desenvolvimento e manutenção do Symbian.