A padronização dos QR Codes nos meios de pagamentos é prerrogativa básica para o desenvolvimento do mercado brasileiro, segundo Matias Fainbrum, gerente geral da Ingenico ePayments na América Latina. Para o gestor é necessário um padrão único que facilite a utilização da tecnologia pela população.

“O QR Code precisa ter padrão e ser interoperável. Não pode ser como na China com 20 QR Codes no display (frente de caixa). No Brasil, já são quatro ou cinco códigos no display”, disse Fainbrum. “Na Argentina isso foi discutido pelo Banco Central local: um QR Code da loja que atende para todos os adquirentes. Tem que ser simples, fácil de implementar e trazer boa experiência. Do contrário, começa a dificultar e diminuir o uso”.

Vale lembrar que a padronização de um QR code nacional está no roadmap da plataforma de pagamentos instantâneos em desenvolvimento pelo Banco Central.

Exemplo

Sem ligação com a Ingenico, uma empresa que passou a utilizar um modelo único de QR Code para pagamentos é a floricultura Esalflores. Em suas unidades físicas em Curitiba, São Paulo, Recife e Florianópolis, no ato do pagamento, o cliente escaneia o QR Code (com o app de sua carteira) e efetua a transação. Cada código é gerado pela operadora de caixa na hora de emitir o canhoto.

QR Code único da Esalflores

NFC x QR Code

Fainbrum abordou sobre uma possível disputa entre NFC e QR Code pela liderança entre os meios de pagamento. Para ele, há uma discussão do ponto de vista do consumidor com as bandeiras entrando mais com o NFC (contactless) e tem as carteiras digitais defendendo mais o QR Code.

“Os dois querem chegar na experiência dos usuários. Tem tecnologias e tecnologias. Tem vantagens e desvantagens. Mas eu vejo o NFC hoje muito mais rápido que o QR code. Basta encostar e pagar”, disse. “Do ponto de vista nosso, o importante é suportar todos os meios de pagamento. Temos a tecnologia pronta, mas isso é uma decisão mais dos adquirentes e do consumidor”.

3DS 2.0

Outro ponto abordado na conversa é o 3DS 2.0. Fainbrum vê os adquirentes avançados, mas o problema está em outros elos na cadeia de pagamentos: “Nós estamos usando o 3DS 2.0. É um padrão que está bem quente na Europa. O problema é que no Brasil nem todo o mercado está adaptado. Os adquirentes estão bem adaptados, mas os bancos não estão. E o comércio tem um problema: é preciso coletar mais informações do que capta hoje”.