[Matéria atualizada em 1/12/2020, às 22h] O conceito de redes de acesso abertas em telefonia móvel, chamado de OpenRAN, tem o potencial de aumentar a competição no setor de infraestrutura e, consequentemente, reduzir os preços dos equipamentos. É o que prevê Francisco Giacomini, vice-presidente de relações institucionais da Qualcomm, empresa especializada no desenvolvimento de processadores para smartphones e que recentemente lançou duas plataformas de OpenRAN para small cells.

Giacomini argumenta que hoje as redes têm interface proprietárias. Desta forma, quando uma operadora escolhe seu fornecedor, acaba ficando presa a ele ao longo da evolução tecnológica da sua rede. “Há fabricantes que botam preço baixo para entrar na operadora e depois ganham com a ampliação ou a atualização das redes”, explica o executivo, em conversa com Mobile Time. “Com rede aberta você pode a qualquer momento usar o fornecedor que estiver disponível e que seja mais do seu interesse. O OpenRAN tende a aumentar a competição e a reduzir os custos”, completa. 

Na prática, o OpenRAN significa uma interoperabilidade entre os equipamentos de redes de acesso em telefonia móvel. Operadoras poderiam, a qualquer momento, substituir peças da sua rede sem precisar se ater ao fornecedor original. 

É esperando que o OpenRAN ganhe força a partir do 5G, mas vale destacar que a padronização das especificações para essas redes abertas ainda está sendo discutida pela indústria.

Giacomini projeta que o OpenRAN abrirá um mercado para empresas que se encarreguem de projetos de redes abertas para as operadoras, combinando equipamentos de diferentes fornecedores. “Vai surgir o OpenRAN as a service”, prevê.

O avanço do OpenRAN

Para Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, a tecnologia aberta em redes celulares, deve ganhar território na próxima geração do 5G, a partir de 2022. Durante o Tech Summit evento produzido por sua companhia nesta terça-feira, 1°, Amon explicou que o OpenRAN “é um tópico importante para a Qualcomm” por trazer mais flexibilidade às mudanças de infraestrutura em curso, além de apoiar mais a interoperabilidade e a instalação 5G em redes privadas.

Igualmente importante dizer que a tecnologia de rede aberta ainda está em discussão pela indústria de telecomunicações; e um dos principais fornecedores de redes do mundo, a Huawei não aderiu à ideia do OpenRAN. Justamente por isso, a rede aberta foi apresentada como alternativa pelo governo norte-americano para ganhar relevância e excluir a chinesa dos processos globais de infraestrutura do 5G.

Governo

Há quem defenda que órgãos reguladores determinem a adoção obrigatória do OpenRAN no 5G. Giacomini não acredita que esse seja o melhor caminho. Ele recomenda, aliás, que o assunto fique de fora do edital de 5G, para evitar maiores atrasos na licitação das novas frequências. Em vez disso, sugere que o governo brasileiro estimule o OpenRAN oferecendo benefícios para as teles que seguirem esse caminho no futuro, como uma forma de acelerar a implementação dessa tecnologia.