Luciano Saboia, diretor de pesquisa e consultoria de telecomunicações da IDC na América Latina (divulgação: IDC)

Os serviços de redes móveis para consumidores e empresas devem alcançar R$ 76 bilhões em 2023. De acordo com previsões divulgadas pela IDC nesta quinta-feira, 2, o impulsionador deste crescimento serão as novas oportunidades de receita, como as redes privativas.

“As redes privativas móveis trarão novas oportunidades de receita. Elas abarcam serviço de cloud, segurança, armazenamento, gerenciamento e análise de dados. Esperamos que todo o ecossistema seja impactado, das operadoras às OEMs, passando por provedores de nuvem, desenvolvedores de softwares e aplicativos e integradores”, diz Luciano Saboia, diretor de pesquisa e consultoria de telecomunicações da IDC na América Latina.

Um dos principais atrativos dentro das conexões privativas para aflorar esse setor, são os fatiamentos de rede (networking slicing, no original em inglês), que surgem com o avanço do 5G: “É a primeira vez que uma nova geração de conectividade trouxe tanta expectativa de transformação para os negócios”, completa.

A expectativa, segundo o especialista, é que haja um incremento de 35% na receita de redes móveis neste ano na comparação com 2022.

A receita em conectividade em geral dentro do ecossistema de Internet das Coisas no Brasil também deve registrar aumento. Neste caso, de 38%. E a receita em IoT no País pode alcançar R$ 11,2 bilhões.

Ainda assim, Saboia explica que esses projetos de IoT estão mais ligados “ao pragmatismo”, uma vez que são projetos destinados “mais à eficiência do que à inovação”. Dito isso, o crescimento da IoT ainda é baixo, um dígito baixo (longe dos 10%) ante 2022. O diretor da IDC acredita ainda que poucas verticais devem avançar na IoT no presente e futuro, entre elas estão: mineração; óleo e gás; agronegócio; manufatura; e varejo.

Telecom geral

No todo, o segmento de telecomunicações no Brasil terá um incremento na receita de 3% em 2023, em um movimento impulsionado pela importância da conectividade, o avanço da quinta geração das redes móveis e mais correlações entre provedores de nuvem e operadoras/serviços de telecom.

Saboia explicou que as operadoras serão mais importantes para os provedores de nuvem e vice-versa, pois o fortalecimento dos dois lados aprimora a transformação digital. Portanto, a IDC espera mais acordos voltados em funções como BSS, OSS, digitalização de atendimento, foco em data-drive e implementação do 5G virtualizado. Neste cenário, a expectativa da empresa de análise de mercado é que nos próximos cinco anos, o consumo de nuvem em telecomunicações crescerá 35% em IaaS (Infrastructure as a Service) e 42% em PaaS (Platform as a Service) no mundo.

O diretor da IDC também prevê a entrada de temas como cloud first e wireless first no setor. Isso impulsionará novas tecnologias de rede como 5G, NB-IoT e gerações mais recentes do Wi-Fi. Um exemplo é que o Wi-Fi 6 crescerá 17% em 2023 e representará 65% do mercado brasileiro de W-LAN. Outra expectativa é a adoção de soluções de gerenciamento autônomas.

Vale dizer, o mercado de telecomunicações representou US$ 29 bilhões da receita de US$ 75 bilhões em TIC no Brasil em 2022, os outros US$ 46 bilhões vieram de TI.