A entrada do Pix entre os serviços e produtos de pagamentos dos bancos não deve acabar com os atuais formatos de pagamentos eletrônicos, a TED e o DOC. De acordo com Leandro Vilain, diretor executivo de inovação, produtos e serviços bancários da Febraban, os dois sistemas vão coexistir.

“É muito cedo para dizer que o Pix vai acabar com a TED (e DOC). Os clientes vão se adaptar de diversas formas. Certamente, nós teremos clientes que vão preferir continuar com a TED e tem outros clientes que migrarão para o Pix. Portanto, não há nenhum plano para encerrar com a transferência. Mas naturalmente vamos observar (a adesão dos clientes)”, explicou Vilain.

Com a próxima fase do sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, o cadastramento oficial de chaves, começando na próxima segunda-feira, 5, o diretor da federação de bancos afirmou que o consumidor não precisa ter pressa para aderir ao novo arranjo de transações.

“O grande recado que precisamos passar para o consumidor é que não precisa sair correndo para cadastrar as chaves no dia 5. É um processo natural. E não precisa correr porque – supostamente – o DOC e a TED acabarão. Isso não vai acontecer. Os outros meios de pagamentos continuarão sendo disponibilizados”, completou o diretor.

Canibalização e receita

Durante live com jornalistas de tecnologia e economia nesta sexta-feira, 2, Vilain respondeu ainda sobre riscos de fraude, as expectativas do processo de adoção ao Pix e sobre a possível canibalização e perda de receita que os bancos podem ter, uma vez que o usuário migrará da TED e do DOC para o Pix.

Sobre canibalização e perda de receita, o diretor da Febraban acredita que é cedo para dizer se acontecerá. Contudo, explicou que a expectativa dos emissores é de reduzir os gastos com distribuição de dinheiro, o que, em sua visão, traz mais segurança e agilidade nos pagamentos para toda a sociedade.

“O custo de fabricação e distribuição de notas custa R$ 8 bilhões por ano, segundo o governo. Nos bancos, a logística gasta para levar dinheiro é de R$ 10 bilhões. Ou seja, se por um lado, o Pix terá redução mínima com TED/DOC, ele ajudará na redução dos gastos com logística de dinheiro”, disse Villain.

Fraude e adoção

Questionado sobre o fato de o sistema similar ao Pix no México não ter sido amplamente adotado pela população, o executivo disse que espera mais adoção, pois são públicas diferentes. Em sua visão, o consumidor de fora do País é mais lento para aderir novas produtos e serviços, enquanto o brasileiro é um ‘early adopter’ (aderente adiantado, na tradução livre do inglês) mesmo com todas as dificuldades de acesso à tecnologia.

Com relação à fraude, Vilain reconhece que elas podem ocorrer no começo. Mas lembrou que o sistema financeiro brasileiro é bem avançado em tecnologia bancária, como uso de tokenização, transferências eletrônicas e alertas de lavagem de dinheiro. O especialista explicou que os bancos vão observar de perto os movimentos transacionais. Lembrou ainda que a maioria das fraudes (70%) são por engenharia social, não por falhas técnicas do bancos. Dito isso, o diretor da Febraban ressaltou a importância da comunicação e da transparência com o cliente em todo o processo do Pix.

Mobishop

O Mobishop, seminário de negócios sobre serviços de comércio móvel, pagamentos móveis e mobile banking no Brasil, contará com a participação de Breno Lobo, chefe de subunidade no departamento de competição e de estrutura do mercado financeiro, e de Carlos Brandt, chefe-adjunto do departamento de competição e de estrutura do mercado financeiro (Decem), ambos do Banco Central. Os executivos vão abordar as expectativas e os planos do BC para o Pix. O evento, em formato online, terá ainda diretores de Banco do Brasil, Itaú Unibanco, além de executivos do Banco Inter, Mercado Pago, iFood, entre outras empresas.

A programação do Mobishop atualizada está disponível em https://mobishop.com.br. Para mais informações, contacte a equipe de eventos do Mobile Time: [email protected] / 11-96619-5888 / 11-3138-4619.