| Mobile Time Latinoamérica | Segundo o último Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial (ILIA 2025), apresentado pela CEPAL e que analisa 19 países da região, Chile, Brasil e Uruguai estão na liderança em se tratando de IA e transformação digital, mas, ao mesmo tempo, a América Latina aparece fragmentada em três grupos: pioneiros, adotantes e exploradores.
O ILIA mede três dimensões centrais: fatores habilitadores (infraestrutura digital, talento humano e dados), pesquisa, desenvolvimento e adoção, e governança.
De forma geral, a região registra avanços significativos na adoção da inteligência artificial, mas enfrenta desafios importantes em infraestrutura, formação de talentos e governança.
Pioneiros: a liderança de Chile, Brasil e Uruguai
Com mais de 60 pontos no índice, Chile, Brasil e Uruguai lideram a transformação digital regional.
No caso do Chile, o destaque está na adoção da IA generativa e na forte presença em pesquisa acadêmica. Já o Brasil concentra 90% da capacidade de computação de alto desempenho da região, além de liderar em número de pesquisadores e publicações científicas.
O Uruguai se sobressai em infraestrutura per capita, especialmente em Unidades de Processamento Gráfico (GPU), e em políticas voltadas para a formação de talentos.
Adotantes: avanços com brechas
Com pontuações entre 35 e 60, países como Costa Rica, Argentina, México, Peru e República Dominicana mostram progresso intermediário, mas ainda enfrentam limitações.
A Costa Rica lidera em habilidades profissionais em IA, evidenciando como políticas educacionais focalizadas podem fazer a diferença. O Peru se consolida como um dos países com maior intensidade de uso da IA no setor produtivo.
México e Argentina se destacam pela produção acadêmica, mas enfrentam desafios de infraestrutura e financiamento. República Dominicana e Equador surpreendem com avanços acelerados em conectividade, talento e estratégias nacionais, diminuindo a distância em relação aos líderes.
Exploradores: ecossistemas incipientes
Com menos de 35 pontos, países como Guatemala, Honduras, El Salvador, Cuba, Bolívia, Paraguai, Jamaica e Venezuela ainda estão nos estágios iniciais de desenvolvimento de seus ecossistemas de IA.
Mesmo assim, Honduras, El Salvador e Cuba apresentam desempenho relevante na produção de software aberto, apontando um caminho alternativo para criar soluções locais e fomentar a colaboração regional.
A Guatemala desponta como adotante tardia, com melhorias em conectividade e talento digital.
Um futuro em disputa
O estudo alerta que mais da metade dos países carecem de infraestrutura crítica e que 13 dos 19 não incluem habilidades em IA na educação básica, o que limita a formação de capacidades internas. Além disso, a falta de financiamento e a baixa participação em organismos internacionais de padronização reduzem a influência da região na definição de regras globais.
Apesar dos atrasos, o ILIA destaca que a IA pode se tornar um motor de transformação estrutural para a América Latina se for articulada com políticas de desenvolvimento produtivo e sustentabilidade. A IA generativa, o software aberto e a inclusão da disciplina nos currículos escolares aparecem como catalisadores-chave para reduzir desigualdades históricas e democratizar o acesso.
O ILIA 2025 se consolida como uma ferramenta de orientação para os governos da América Latina e do Caribe, ao oferecer evidências e recomendações para impulsionar produtividade, inclusão e sustentabilidade. O desafio, segundo a CEPAL, será fechar lacunas em infraestrutura, talento e governança, além de avançar na cooperação regional para que a inteligência artificial se converta em um pilar do desenvolvimento futuro.