Storytel

André Palme, country manager da Storytel (Crédito: Guilherme Ruiz/divulgação)

Após dois anos de atuação no Brasil, a Storytel (Android, iOS) reduziu o preço de sua assinatura mensal nesta semana praticamente pela metade, de R$ 28 para R$ 15. Em conversa com Mobile Time nesta sexta-feira, 3, André Palme, country manager do Brasil da empresa de conteúdo sueca de streaming, audiolivros e e-books, afirma que a decisão é para ser empático com a situação do consumidor local.

“É um movimento empático com o momento do País. Não queremos que as pessoas deixem de se entreter por causa de dinheiro. Com inflação em alta e o (poder de) consumo em baixa, nós sabemos que é um momento mais delicado para o consumidor. Queremos que o preço não seja uma barreira”, explica Palme.

O executivo ressaltou que a mudança não é promocional ou “embalo” de preços da Black Friday. Afirmou que a decisão de reduzir foi local, uma vez que cada unidade da Storytel tenta ser independente e mais próxima do seu consumidor.

“Esta decisão é da unidade local, brasileira. Cada unidade busca ser independente e, aqui, queremos ser o mais brasileiro possível, e a mesma coisa acontece na Rússia, por exemplo. Pode ser preço, tipo de conteúdo, formato de áudio”, diz. “Entendemos que o preço adequado para o público brasileiro é R$ 15. Não é uma promoção. O foco nesta estratégia é o crescimento no número de assinantes e levar mais áudio para os brasileiros”, completa.

Além da mudança de valor, o nome do plano também foi alterado, de ‘Unlimited’ para ‘Premium’, uma nomenclatura que tem mais sinergia e compreensão do consumidor deste tipo de conteúdo.

Novo perfil

Em sua chegada em 2019, Palme explicou a esta publicação que o perfil do consumidor brasileiro e mexicano era diferente do europeu, com foco mais em conteúdo de streaming ante os livros. Passados dois anos, o executivo apresentou um novo panorama a partir do consumo em sua plataforma.

“Somos uma plataforma generalista e trazemos o leque mais amplo dentro do mundo do streaming (de áudio). Hoje, a ficção é o tipo de conteúdo mais consumido, o conteúdo para público geek, como (propriedades intelectuais de) Jovem Nerd, Duna e Harry Potter. Outra categoria consolidada é romance”, explica. “Nos países nórdicos, o consumo de thrillers é mais forte. No Brasil, não é top hit. O brasileiro não usa tanto o crime como forma de entretenimento. Na pandemia, a ficção cresceu ainda mais por conta do escapismo. Então, o levante de fantasia e público geek é um reflexo do comportamento de consumo. São mais de 700 mil horas consumidas em 2021 (janeiro a setembro) apenas nesta categoria”.

Consumo

Crescendo quatro vezes mais em horas de conteúdo consumidas, na comparação entre janeiro e outubro de 2021 ante o mesmo período em 2020, o country manager da empresa explicou que as obras mais ouvidas no Top 10 são os livros de fantasia, em especial os sete livros da saga Harry Potter, de J.K. Rowling.

Outros destaques do aplicativo são os livros também de ficção do Jovem Nerd, além do futurista ‘Duna’, que ganhou destaque no mês de novembro após o lançamento do filme. Por outro lado, o escritor Napoleon Hill é o ponto fora da curva com ‘Mais esperto que o diabo’, uma obra de autoajuda que figura entre as mais ouvidas.

Palme lembra que a plataforma da  Storytel tem o foco no consumo mobile, pois é uma solução “para você consumir enquanto faz outras coisas”. No mundo, a companhia atua em 25 mercados, sendo México, Colômbia e Brasil os focos na América Latina. A empresa já produziu mais de 6 mil horas em diferentes idiomas, sendo um dos destaques as gravações dos sete livros do Harry Potter no Brasil. Os conteúdos oferecidos são audiobooks e séries originais (essas, mais curtas que os livros).

“Tudo que é entretenimento e informação, está no nosso radar de conteúdo”, afirma o executivo.

Próximos passos

Além da estratégia de redução de preços e aproximação com o público de streaming, a Storytel procura rechear seu catálogo com parcerias. Uma delas foi com a TocaLivros (Android, iOS). Há também a caminho, novos trabalhos originais, que devem chegar entre o final deste ano e o primeiro trimestre de 2022: “Estamos em um momento de inclusão dos títulos e curadoria da Tocalivros. Não é o catálogo todo. Nós não trabalhamos volume, mas curadoria”, diz Palme.

“Para 2022, lançaremos ‘Cidade de Deus’ no primeiro trimestre, o livro do Paulo Lins que deu origem ao filme; a biografia de Marielle; uma nova versão de ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’; uma série nova de Sherlock Holmes, uma parceria global da Storytel com a fundação Arthur C. Clarke; e conteúdos inéditos de Babi Dewet e Nana Pauvolih”, lista Palme. “Ainda em 2021, lançamos há três semanas o ‘Glacial’, de Camilla Läckberg, narrado pela Letícia Sabatella, a primeira vez que ela fez um trabalho do gênero. E lançaremos até o final do ano ‘Judas’, da Ray Tavares”, completa.