Um dia após o retorno do WhatsApp à rede móvel brasileira, o bloqueio ao aplicativo do juiz Marcel Montalvão da comarca de Lagarto, cidade a 75 km de Aracaju, ainda é tema de discussão entre usuários, profissionais de tecnologias e juristas.

Durante a manhã desta terça-feira, 4, especialistas de segurança digital participaram de um painel sobre 'privacidade e segurança' no Tela Viva Móvel que acabou englobando a discussão de como a sociedade está aceitando as novas tecnologias e seu rápido desenvolvimento na sociedade.

Para Valter Wolf, diretor de engajamento da GSMA na América Latina, o problema da relação entre governos e novas empresas de tecnologia está no entendimento da sociedade dessas novas plataformas e seu papel no cotidiano. "Na ponta do usuário, é importante ele se sentir seguro com os dados que libera", disse Wolf.

Mariano Miranda, gerente de marketing da AVG na América Latina, alertou que a preocupação com a privacidade é crescente no mundo todo. No entanto, uma pesquisa recente da empresa feita com 5 mil usuários em oito países revelou que 21% dos brasileiros aceitariam dar informações em troca de algo, enquanto a média mundial é de 11%.

"Se você perguntar para a sociedade se 'posso abrir os dados de um criminoso', a sociedade vai dizer: 'sim'. A dúvida que existe para a sociedade é a confiança com o governo. A partir do momento que crio mecanismos para acessar os dispositivos móveis, os back-doors, quanto que estou abrindo espaço para pessoas que não são criminosos terem seus dados coletados?", ponderou Miranda.

Outro executivo de segurança digital, Miguel Caeiro, country Manager da Lookout no Brasil e América Latina, enfatizou que as sociedades ainda não encontraram formas de adequar a velocidade da tecnologia com os enquadramentos legais. Caeiro pediu "ponderação e bom senso" para uma abertura absoluta à revolução digital, sem ferir os princípios básicos do cidadão.