Na live ‘Entrega em casa: a explosão de demanda em apps de delivery na quarentena’ organizada pelo Mobile Time nesta quinta-feira, 4, os executivos de 99 Food, Delivery Center, Loggi e Rappi, explicaram que a transformação digital será necessária para a sobrevivência do ecossistema, independentemente do tamanho do player.

“O novo normal é não voltar ao que era antes. É melhor fazer algo hoje para o lojista, do que descobrir daqui a seis meses que errou. Quem não acordar (para o digital) nas próximas semanas, não acorda mais. O pós-Covid, daqui a um ano, não será igual. Tem um restaurante no nosso app de dark kitchen (restaurantes que não atendem balcão ou salão, apenas delivery) que o dono tinha uma e já inaugurou outras quatro. Quem está se movendo, está se movendo rápido em direção ao consumidor”, disse Sergio Saraiva, presidente da Rappi no Brasil. “Era uma aposta de médio e longo prazo que foi antecipada de forma abrupta. E sabemos que quem experimentou, em parte, vai ficar. Agora, as demandas do e-commerce, shopping, consumidores, nunca mais serão como era antes”, acrescentou.

Empresas dos segmentos de supermercados e farmácias que estavam adaptadas ao digital, ou que correram para se adaptar e manter suas operações durante a crise, registraram crescimento de 300% no Rappi durante a pandemia. Por outro lado, os restaurantes estão sofrendo e muitos correm o risco de fechar as portas.

“Restaurante é a área que mais sofre. Na China, 30% a 40% quebraram. Isso acontece com o pequeno comerciante, aquele que tem no máximo três funcionários”, prevê Saraiva. “Nós temos procurado fomentar esse ecossistema, reduzimos comissões e procuramos conversar com o governo. O crescimento do ecossistema é o que vai garantir o futuro. O ecossistema precisa ser preservado”, disse.

Saulo Brazil, co-CEO do Delivery Center, concorda: sua preocupação neste momento está nos pequenos estabelecimentos e naqueles que não se prepararam para o digital. “Das lojas de goods, 90% estão fechadas. Tem três barreiras para eles: segurança jurídica, canal de venda e cultura”, comentou. “E estamos vendo uma mudança de postura muito grande nos marketplaces, todos tentando ajudar. A Rappi lançou o RappiMall e a B2W lançou uma ferramenta de digitalização de lojista, por exemplo”, acrescentou.

Por sua vez, Ariel Herszebohn, vice-presidente de expansão da Loggi, disse que também viu impactos em setores diferentes, com e-commerce e farmácia ganhando mais participação, enquanto o delivery de documentos teve uma queda forte, uma vez que as empresas estão adotando meios digitais. O executivo explicou ainda que a mudança do consumidor para o digital, que forçou toda a alteração no mercado, ocorreu em três etapas: “A primeira foi o pânico, os governos não sabiam como reagir. Depois, veio a adequação de segmentos específicos, como supermercados, farmácias e bens de higiene. E agora estamos em uma terceira fase, que é uma espécie de Black Friday antecipada, com o consumidor caminhando mais para o e-commerce”.

Para o futuro pós-pandemia, Danilo Mansano, diretor geral do 99Food, acredita que haverá mais mudanças. Em especial na cultura, educação e gestão dos restaurantes, e, pelo lado das empresas de tecnologia, no zelo dos entregadores, de sua marca e do portfólio de produtos e serviços oferecidos aos clientes. Ele prevê que haverá novos protocolos de entrega e que o app vai checar se o entregador está com máscara e higienizado, por exemplo.

“Veremos também restaurantes nascendo 100% online. Antes da crise, 40% dos restaurantes do 99 Food nunca tinham operado com entregas. A gente se preocupou em educar, ser consultor, sugerir quais pratos fazem mais sentido. Como plataforma, nós queremos que apareça aquilo que é mais relevante para o consumo”, completou o gestor do 99 Food.