João Borges: ele e os sócios criaram a Dreamshaper

Dreamshaper não é um aplicativo, mas uma plataforma online para guiar e acompanhar alunos e professores ao longo do ensino por meio de projetos, ou seja, um tema que percorre todas as disciplinas ao longo do ano letivo. Porém, o número de usuários, seja de estudantes ou de docentes, via smartphones vem crescendo rapidamente. Atualmente, 17% exploram a plataforma via celulares. Há uma preocupação da empresa em aumentar ainda mais este número, o que não passa, no momento, pelo desenvolvimento de um aplicativo. Para João Borges, um dos sócios, o fato de a Dreamshaper funcionar de forma responsiva atende perfeitamente às necessidades de seus clientes (as escolas) e usuários.

“Inicialmente, achávamos que estávamos limitados a oferecer nossos serviços a escolas com infraestrutura. Mas ao usar o Dreamshaper, o aluno ganha autonomia e a gente sai das escolas para ganhar a casa dos estudantes, por exemplo, por meio dos celulares e, com isso, ficamos menos reféns dos computadores e da Internet oferecidas nas escolas”, explica Borges em entrevista a Mobile Time. E continua: “Queremos melhorar a experiência do produto em mobile, quem sabe fazer um ainda mais amigável. Uma possibilidade é migrar para PWA ou até mesmo um app. Mas, atualmente, o site responsivo funciona muito bem. Ele é praticamente como um app. O que não queremos é envolver lojas de aplicativos, fazer download, ocupar espaço e memória no celular. Isso é complicado e não tenho certeza se vale a pena no momento”.

O Dreamshaper ajuda o professor a colocar em pratica metodologias de ensino baseados em projeto, além de auxiliá-los na promoção do desenvolvimento de habilidades socioemocionais e do mundo do trabalho nos alunos. A proposta é que os professores orientem na construção de projetos relacionados às suas disciplinas ou cursos via plataforma. Para os estudantes, o Dreamshaper deve servir como guia, por meio de uma metodologia de passo a passo, para a criação de tarefas e projetos, dando aos alunos base para ganhar autonomia para pesquisar e debater cada etapa dos projetos, das pesquisas ou das resoluções de negócios.

Na prática, ela funciona da seguinte forma: é feito o registro do projeto, com informações sobre sua ideia, tema e o tipo – se é pesquisa, empreendedorismo ou resolução de problemas. A ferramenta, então, leva o aluno a um passo a passo, propondo um conjunto de desafios e questões que exigem que eles façam pesquisas e conversem entre si. A Dreamshaper também auxilia o aluno a navegar e a construir o projeto, apresentando conteúdo pedagógico relacionado ao tema.

Para o professor, a plataforma ajuda a estipular uma ordem para que os alunos saibam por onde começar, a dar feedback e avaliação dos alunos. “Na prática, vira uma ferramenta de motivação e autonomia dos alunos e tira a parte de explicar o que tem que ser feito agora, de modo que o professor possa contribuir de forma mais rica”.

A Dreamshaper também ajuda as escolas e os professores a se adaptarem às mudanças relacionadas à reforma do Ensino Médio e da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “A ferramenta vai ajudar nesse sentido também. O professor está acostumado a dar um estilo de aula e mudar não é fácil ou um processo rápido. A plataforma ajuda o professor acostumado com o modelo tradicional e dar aula para algo mais dinâmico, adequado ao século 21”, explica Borges.

Modo de usar e parcerias

A plataforma pode ser usada a partir do Fundamental II (ou seja, com crianças a partir de 11 anos) e Ensino Médio, e foi testada ao longo de dois anos. Atualmente, a Dreamshaper possui mais de 150 mil alunos em mais de 300 escolas tanto da rede privada como da pública e até em algumas universidades.

Borges explica que a Dreamshaper trabalha, no momento, com três tipos de parcerias: escolas a contratam para que seus professores e alunos usem a plataforma; empresa ou instituição contrata a Dreamshaper para fornecer conteúdo a várias escolas; e parceiros privados, institutos, fundações e empresas procuram gerar impacto social em determinadas regiões contratam a Dreamshaper para disponibilizar a plataforma em escolas públicas.

A História

A Dreamshaper começou a atuar em 2014. Três sócios portugueses residentes no Brasil lançaram a plataforma em um primeiro piloto tendo como parceira a Fundação Lemann, que implementou a ferramenta de ensino em 30 escolas da secretaria do estado de São Paulo, para mais de 2,5 mil alunos.

Atualmente, Borges e os três sócios estão entre Brasil e Portugal, onde montaram uma operação da Dreamshaper para expansão na Europa da plataforma. A startup conta com 21 funcionários e tende a crescer ainda mais.