Para a implementação de uma IA ética, os países asiáticos vão se basear no documento apresentado pela Unesco em 2021 e que foi adotado por 193 nações. Alguns estão mais avançados, outros nem tanto. Para contribuir com isso, os países asiáticos se reuniram cerca de duas semanas atrás para fazer essa discussão em conjunto. Camboja, Indonésia, Laos e Tailândia são alguns dos países que fazem parte deste grupo. E todos se baseiam no documento da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Um dos resultados da reunião do ministério digital asiático, que aconteceu cerca de duas semanas atrás, foi o endosso do guia asiático sobre governança e ética da IA. “O encontro mostra a importância da IA para a região e seus membros mostraram suas preocupações sobre como implementar valores básicos que podem ser adotados pelos respectivos países. Concordamos em vários aspectos importantes, como transparência, justiça, segurança, humanidade, proteção de dados, responsabilidade e integridade”, explicou Nezar Patria, vice-primeiro-ministro das Comunicações e Informática da Indonésia, durante o evento Fórum Global em Ética na IA 2024, organizado pela Unesco na Eslovênia, nesta segunda-feira, 5.

Patria comentou ainda que os países asiáticos discutem IA nos últimos seis meses de forma mais intensa.

O representante da Indonésia disse ainda que a IA está se tornando cada vez mais popular em determinados países da região, como na própria Indonésia, mas também em Cingapura e Tailândia. Muitos workshops e seminários estão acontecendo nos últimos seis meses de forma intensiva para discutir a IA.

Confira os comentários de cada país participante do evento da Unesco.

Camboja

Para o Camboja, há o desafio de fazer sua transformação digital, mas que a IA poderá acelerar este processo.

“Vemos a IA como uma ferramenta digital dentro dessa transformação digital. Sabemos que a tecnologia da IA evolui muito rapidamente e oferece apoio à inovação, mas também pode criar impactos negativos para toda a civilização, não somente à nação cambojana. Neste sentido, estamos felizes que a Unesco tenha um número de documentos sobre IA, em particular sobre seu modelo de governança, disse Khov Makara, secretário de estado e ministro dos Correios e das Telecomunicações do Camboja.

O secretário explicou também que o continente está adotando conjuntamente o framework de recomendações sobre ética na IA da Unesco. “E a beleza desse programa é que vamos começar um grupo de trabalho sob o guarda-chuva asiático. Acreditamos que esses países podem contribuir com o desenvolvimento da IA e indicar os riscos da inteligência artificial na região”, explicou.

Tailândia

A Tailândia, por sua vez, está implementando uma série de medidas para avançar com as discussões sobre a tecnologia.

O governo desenvolveu o Programa Nacional de Ações Estratégicas, de cinco anos, que começou em 2022. Também foi criado o Comitê Nacional de Inteligência Artificial, comandado pelo próprio primeiro-ministro do país, Srettha Thavisin.

A Tailândia também realizou algumas pesquisas em 2023 com cerca de 500 organizações públicas e privadas, quando constatou que uma em cinco organizações estão adotando IA.

“Para a estratégia que estamos tentando implementar, a ideia é preencher os gaps do ecossistema de uso da IA. E, para o seu controle, pretendemos acumular infraestrutura e capital humano para a promoção da inovação, sem esquecer ética e regulação”, explicou Chai Wutiwiwatchai, diretor executivo do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica e Informática da Tailândia.

Houve ainda o lançamento de um programa chamado Índice de leitura de IA para entender o avanço do ecossistema da inteligência artificial tailandês. “Esperamos fazer relatórios anuais para nos certificarmos do sucesso do avanço dessa estratégia”, disse.

Laos

Keovisouk Solaphom, vice-ministro do ministério dos Correios e Telecomunicações do Laos, explicou que o seu país ainda está formulando a estratégia para tratar a inteligência artificial e que a Unesco deverá ajudar o país neste sentido. “As máquinas têm dificuldades em entender muitos dos conteúdos na língua local e isso dificulta a adoção de tecnologia. E tecnologias como Big Data, machine learning não estão disponíveis no Laos. A boa notícia é que a Unesco expressou sua vontade de assistir Laos na formulação da estratégia para o desenvolvimento da tecnologia”, resumiu Keovisouk.

Indonésia

A Indonésia adotou os princípios acordados entre os países asiáticos (como transparência, justiça, segurança, humanidade, proteção de dados, responsabilidade e integridade) e também está alinhado às diretrizes da Unesco sobre ética em IA. “Acreditamos que, com uma forte operação com os outros países asiáticos, podemos introduzir esses princípios-chave em nossas corporações e em diferentes níveis. Estou otimista”, disse Nezar Patria, vice-primeiro-ministro das Comunicações e Informática da Indonésia.

Foto principal: painelistas representantes de governos na Ásia, Chile, Moçambique e União Europeia do Fórum Global em Ética na IA 2024/Reprodução de vídeo