redes privadas; Fórum das Operadoras Inovadoras 2022

Painel sobre redes privadas no Fórum das Operadoras Inovadoras 2022. Foto: Marcelo Kahn

| Publicada originalmente no Teletime | Como serviço limitado privado (SLP), as redes privadas – ou privativas – já são uma possibilidade para empresas, mas há uma promessa de novas oportunidades. As vantagens de utilizar o espectro licenciado são, especialmente, o controle de não haver interferências ou sobrecarga na rede, e a promessa de qualidade de serviço. Mas o fato é que a procura tem aumentado significativamente após o leilão do 5G, segundo as empresas que participaram do painel de encerramento do primeiro dia do Fórum de Operadoras Inovadoras, evento organizado por Mobile Time e Teletime, nesta terça-feira, 5.

Segundo o CEO da NLT, André Martins, o certame, que permitiu acesso ao espectro para prestadoras de pequeno porte (PPP), mudou a percepção dessas empresas a respeito das redes privadas. “O conhecimento mudou e gerou muita demanda. Na hora que eles veem que a rede privada é muito mais acessível [do que imaginavam], se interessaram mais”, destaca o executivo da operadora móvel virtual especializada em Internet das Coisas.

O diretor de operações da Telefónica Tech/Vivo Empresas, Diego Aguiar, diz que o interesse das empresas de médio porte cresceu cerca de cinco vezes após o leilão. Novamente, a compreensão de que os custos não seriam tão proibitivos aqueceu a demanda. “O cliente começa a fazer as contas e vê que não é negócio exorbitante, mas a gente teve aumento expressivo. O mais legal é que os projetos de provedores médios cresceram bastante, não foi só no topo da pirâmide.”

Diretor de soluções integradas da Huawei, Carlos Roseiro informou que um ano atrás a empresa tinha apenas um projeto desse tipo e agora está com dez. O executivo coloca que um caminho para que os custos não sejam maiores é o ganho de escala, e por isso sugere o conceito de “kite like core” (“núcleo tipo pipa”), que consiste em ter um core compartilhado e distribuído, próximos ao cliente. “A conta é difícil de fechar, tem que ter escala, que é como as operadoras vão replicar tudo isso de forma rápida, com poucos recursos e investimento mínimo.”

Rede própria

Dos participantes no debate, a distribuidora elétrica Neoenergia representava uma cliente em potencial. Contudo, a empresa optou por montar uma operação de rede privativa própria. A empresa atua em cinco estados (RN, PE, BA, SP e DF) e tem 840 mil km de área de concessão e uma base de 15,6 milhões de clientes. “Quando a gente olha para telecom, ela acabou virando core de nossa rede. A gente tem aplicações de missão crítica com aspectos de segurança, confiabilidade etc.”, explica o superintendente de smartgrids, Ricardo Leite.

A empresa fez uma prova de conceito em Atibaia (SP) com LTE privada em parceria com a Nokia, atendendo 75 mil consumidores com 50 equipamentos de rede. Leite explica que a necessidade de conectar equipe de campo, medidores e equipamentos de automação tornam a rede privada atrativa. “A gente vem expandindo o backbone com fibra, então estamos muito próximos da última milha”, declara.

O executivo ressalta, contudo, que a experiência ainda é com 4G, e que por enquanto não há planos para uso do 5G. “Do ponto de vista de equipamento e automação de rede, a gente está observando”, coloca. Mas há previsão de impacto, com a expansão de rede como parte de obrigações para as operadoras, ou com uma possível questão de instalação de small cells, especialmente pela demanda de adensamento da infraestrutura com a faixa de 26 GHz, na discussão já atribulada do compartilhamento de postes.