A criação de marketplaces digitais para a venda de produtos diversos é uma febre no Brasil. Alguns grandes varejistas aderiram a essa ideia, como Magazine Luiza e Americanas.com. A startup Facily (Android, iOS), criada pelo ex-vice-presidente do Facebook para a América Latina Diego Dzodan, tem uma proposta diferente. Ela é, sim, um marketplace digital, mas estimula vendas coletivas e não cobra comissão dos parceiros, o que garante preços baixos nas ofertas. Na definiçao de Dzodan, é uma plataforma de comércio social.

“Desintermediamos a cadeia de varejo, oferecendo o preço direto do produtor para o consumidor. O valor que trazemos é oferecer o produto a um custo muito competitivo, pelo menor preço possível”, diz o executivo. “Os marketplaces costumam cobrar uma comissão alta. Isso faz com que não consigam vender a um preço agressivo. Como não cobramos comissão, permitimos que o preço baixo chegue ao consumidor”, explica, em entrevista para Mobile Time.

Dentro do app da Facily dá para encontrar de tudo um pouco, de lâminas de barbear até frutas e verduras, passando por produtos de limpeza, cervejas, guarda-chuvas, capas para celular etc. Existe um preço para a compra individual de cada produto e outro – bem mais barato – para a compra em grupo. Um quilo de banana nanica, por exemplo, é vendido individualmente por R$ 4,49 ou por R$ 2,49 na compra em grupo. Um pacote com quatro rolos de papel higiênico Personal Vip, por sua vez, é vendido por R$ 9,60 individualmente ou por R$ 3,59 em grupo.

A Facily fecha acordos com diversos parceiros para que exibam seus produtos dentro da plataforma. Há, claro, um trabalho de curadoria. Mas não há exclusividade. Pode haver mais de um fornecedor de um mesmo produto, o que estimula a concorrência. O preço final é definido pelo fornecedor. A Facily realiza a cobrança e repassa ao parceiro o valor do produto descontando apenas o custo da plataforma de pagamento, sem aplicar qualquer margem para si. E seus entregadores se encarregam de buscar os produtos nos fornecedores e levar para os clientes finais.

A Facily está operando com sua oferta completa em São Paulo, e com um catálogo parcial de produtos no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. A empresa se encarrega do frete, que é cobrado do consumidor. Ela conta com uma rede de entregadores independentes nas cidades onde atua.

Diego Dzodan, um dos fundadores da Facily

Compra coletiva

Qualquer pessoa pode criar um grupo para a compra de um produto. Em seguida, basta convidar amigos, enviando links por WhatsApp ou qualquer outro canal, para que entrem no grupo e comprem também. O prazo para participação é de 24 horas. Não é definida uma quantidade mínima ou máxima de participantes do grupo. Terminado o prazo, a venda é concluída e os produtos são enviados aos compradores. Também é possível navegar por grupos criados por desconhecidos e participar deles.

Há também uma moeda virtual dentro da plataforma. Os usuários podem acumular moedas de várias maneiras, como através do convite de amigos para entrarem na plataforma ou a cada compra que fizerem. Essas moedas também podem ser usadas para pagamentos dentro da Facily.

“Nossas usuárias típicas são mulheres que trabalham e que têm sensibilidade aos custos. São pessoas que querem preços competitivos”, relata o executivo.

Modelo de negócios e expansão

Lançada oficialmente há apenas dois meses, a Facily acumula mais de 500 mil downloads. Seu objetivo agora é expandir rapidamente para outras cidades brasileiras e para outros países da América Latina. A meta é atingir 100 milhões de usuários dentro de 18 meses.

O modelo de negócios ainda não está definido, mas entre as possibilidades estudadas está cobrar pelo destaque a determinados parceiros dentro da plataforma, explica Dzodan.