Ilustração: Cecília Marins

[Atualizado às 10h18 do dia 08/08/2022 trocando a nomenclatura de prgrama de ‘aceleração’ para ‘mentoria’] O programa de mentoria de startups da Cielo selecionou recentemente as novas entrantes da turma de 2022. Em sua quinta edição, a companhia de pagamentos escolheu empresas com impactos econômicos, sociais e ambientais, como explicou Ana Fusco, head do Cielo Garagem.

“Todo ano nós aprendemos muito de um ano para o outro. Desta vez, decidimos fazer com startups de impacto”, diz Fusco em conversa recente com Mobile Time. “Por ter essas novas entrantes, esse ano está sendo uma troca de conhecimento para todos os lados”, completa, ao dizer que uma das ideias do programa é a troca entre os executivos da Cielo e os empreendedores.

Vale lembrar, as edições anteriores do programa trabalhavam com startups que tinham alguma ligação com o núcleo duro da Cielo, como o desenvolvimento de apps para a maquininha de pagamento LIO. Desde 2018, a Cielo realizou mentorias com 60 startups e 450 horas de treinamentos.

Em 2022, o programa teve 262 inscritos. Fusco e o time de gestão da Cielo selecionaram 30 empresas para serem entrevistadas. Após as conversas, dez startups foram selecionadas. Confira a lista completa com as dez startups selecionadas abaixo:

  1. Barkus, educação financeira por mensageria;
  2. Eneway, foodtech de impacto social;
  3. Firgun, fintech de microcrédito;
  4. Klumie, edtech de ensino bilíngue para pessoas surdas;
  5. Minha Coleta, startup focada na cadeia de recicláveis;
  6. Nina Tech & Food, foodtech para profissionalizar empresas de panificação e confeitaria;
  7. Original Experience, oferta de experiência ESG para pessoas comuns;
  8. Restin, foodtech focada em conectar alimentos próximo ao vencimento com restaurantes e bares;
  9. Retrilhar, plataforma para ajudar empresas a ofertarem ecoturismo;
  10. Wastebank, fintech que usa arranjo de pagamento e materiais recicláveis para incentivar a economia circular.

Ao todo, o programa terá de quatro a cinco sessões de mentoria. Segundo Fusco, a Cielo pode ampliar para mais sessões, se necessário. Além disso, o rol de mentores também foi ampliado; além de diretores e supervisores que apoiaram nos anos anteriores, os gerentes também participam do programa apoiando as startups.

Eneway

Uma dessas startups é a Eneway, uma empresa de Florianópolis que busca fazer a intermediação entre os restaurantes e as plataformas de delivery. De acordo com o cofundador da empresa, Miguel Altieri, a empresa foi criada na pandemia após o próprio empreendedor ver sua renda no setor de eventos cair a zero e precisar se renovar no setor de gastronomia. Altieri começou a cozinhar dentro de casa, mas percebeu que precisaria de mais estrutura. Fez parceria com um food park, mas percebeu que o modelo em contêineres e dark kitches não era viável financeiramente para quem estava começando. Em conversa com amigos, ele desenvolveu um formato de negócio que trabalha com “cozinha  de antecipação”. Nela, o profissional pré-cozinha o prato, congela e, quando comprado, só finaliza a iguaria. Tudo isso é feito dentro de casa, sem precisar de dark kitchen ou contêineres de produção em massa.

“Fiz uma negociação com um food park para usar o contêiner, mas não estava me sentindo bem ali. Lá, fazia o papel de três pessoas, quando precisava de quatro. Faturava R$ 40 mil para ficar no zero a zero”, lembra. “Nosso modelo é mais focado para quem está em casa e quer ser empreendedor. Olhamos para o sell-in, o fabricante de comida ultracongelada. Trabalhamos como microfranquia. Ensinamos o empreendedor a usar e criar o MEI, com contrato de licença de uso de marca. Tudo que a pessoa precisa para operar ela recebe em casa”, explica.

Além de Altieri, a Eneway tem outros três sócios e começa a trabalhar para fazer sua primeira rodada de investimento, ao mesmo tempo que expande para o Sudeste. Curiosamente, o empreendedor não deixou a cozinha, uma vez que administra em paralelo o seu restaurante, Famiglia Altieri. No programa da Cielo, a ideia da startup é trabalhar com linhas de microcrédito, de até R$ 5 mil, uma vez que muitos dos pequenos empreendedores que começam com a Eneway precisam de um capital para começar, além de promover educação financeira.

“Para quem empresta microcrédito é um desafio achar quem não vai quebrar. Como temos um modelo de microfranquia, acabamos sendo um validador desse crédito. E um outro viés é a educação financeira dessa família. Queremos ensinar quanto guardar dinheiro e como usar e ter capital de giro, por exemplo”, completa o gestor.

Barkus

Outra empresa que entrou no projeto de aceleração foi a Barkus, empresa que promove cursos de educação financeira por mensageria. A CEO da startup, Bia Santos, tem planos de a empresa chegar a 500 mil usuários cadastrados até o fim de 2022. Vale dizer que faltam 150 mil. A empresa fez parceria com a Natura e com uma empresa do Grupo Cyrela. Mas com a Cielo, os objetivos são outros.

“Minha expectativa é conhecer, de perto, como uma grande organização como a Cielo tem solucionado desafios que startups também têm passado. Podemos nos desenvolver muito a partir de novos pontos de vista. Também temos expectativa de nos conectar com diferentes áreas e encontrar sinergia de negócios entre a própria Cielo e sua rede de empresas parceiras”, responde Santos.

A CEO da Barkus explicou ainda que o programa da adquirente está “dedicado em resolver os desafios que compartilhamos no processo” e tem focado em conectar com “mentores das áreas específicas” que podem nos ajudar. Além disso, a executiva disse que “há um incentivo constante em nos conectar com as outras startups selecionadas” para alimentar essa rede.