A Ligga enxerga na Zona Franca de Manaus um grande mercado em potencial para redes privativas 5G na faixa de 3,5 GHz. A operadora começou um estudo junto às empresas instaladas no primeiro distrito industrial para identificar a demanda e percebeu que pode haver interesse especialmente para três tipos de aplicações com redes privativas 5G: 1) mobilidade do maquinário hoje conectado por cabos ou Wi-Fi; 2) sensores para monitorar em tempo real o funcionamento das máquinas, garantindo maior assertividade em manutenção preventiva; 3) soluções de análise de imagens para assegurar o uso de equipamentos de proteção individual em áreas de perigo, reduzindo o risco de acidentes de trabalho.

O provimento de redes privativas na Zona Franca será um segundo estágio dentro de um projeto de levar 5G para a região em parceria com ABDI, Juganu e Nokia. O primeiro passo, na verdade, consistirá na oferta de banda larga fixa sem fio (FWA, na sigla em inglês) via 5G. Estão sendo instaladas 20 antenas que vão operar na faixa de 3,5 GHz da Ligga dentro de luminárias públicas inteligentes implementadas pela Juganu, com core da Nokia. Nessa etapa de FWA, serão utilizados 400 CPEs da Intelbras.

O primeiro distrito industrial de Manaus é composto por mais de 400 indústrias de setores como os de computadores, eletrodomésticos e automotivo. É ali que estão as plantas da Honda e da Positivo, por exemplo. A região será a primeira no País a receber a rede 5G da Ligga, que foi uma das vencedoras do leilão na faixa de 3,5 GHz.

O diretor comercial B2B da Ligga, Ricardo Montanher, esclareceu, em conversa com Mobile Time, que a rede vai operar de forma híbrida. Parte será dedicada ao serviço público, para a oferta de FWA e acesso móvel pessoal, e parte será dedicado para redes privativas. “Nossa engenharia cuidará de separar o tráfego. FWA usará uma camada e as redes privativas, outra”, explicou.

Análise

Até julho, existiam 128 redes celulares privativas (RCPs) em operação no Brasil, a maioria delas com tecnologia 4G e concentradas nos setores de óleo e gás e agrícola, de acordo com o Mapa do Ecossistema de Redes Celulares Privativas no Brasil, produzido por Mobile Time. Com o apoio da ABDI e da Anatel, e o avanço da “produtização” de soluções para a implementação dessas redes a preços cada vez mais acessíveis por parte de operadoras, fabricantes e integradores, a expectativa é de que haja um aumento do número de projetos de redes privativas 5G nos próximos meses.