O desenvolvimento do 5G no Brasil pode puxar uma nova movimentação de consolidação no segmento de telecom. Analistas de mercado ouvidos por Mobile Time nesta sexta-feira, 5, indicam possíveis movimentações de grandes operadoras ou investidores oriundos do mercado de capitais.

Vinicius Castelo, diretor de telecom da Oliver Wyman, acredita em consolidação, mas no longo prazo: “É uma alternativa relevante. Vimos com Vogel, por exemplo, consolidações em Minas Gerais e Sul; e Claro comprando a Nextel. É sempre algo que as operadoras têm na mão. Mas é um momento novo. Temos seis novas operadoras surgindo e mais outras que poderão aparecer num segundo momento”, disse.

“Talvez com o crescimento (das novas entrantes) nós veremos o movimento de consolidação. Mas não será no curto prazo. Vimos que os ISPs cresceram, mas ainda é um mercado restrito. E veremos ainda o crescimento no fixo. Mas há empresas com apetite e que nem entraram no leilão, como a Desktop – que levantou capital (IPO), não entrou na disputa, mas pode usar o capital para aquisição”.

Ari Lopes, gerente sênior da Omdia, lembra que o mercado de ISPs está em franca expansão e tem Brisanet, Unifique, Vero, e outras que crescem no setor das ISPs e que, a partir do 5G, será possível ver novos grupos fortes no Brasil.

“Um bom modelo para se espelhar é a Algar. Talvez tenhamos duas ou três empresas como a Algar. Mas é difícil saber se as grandes comprarão ISPs. As próprias operadoras não se movimentaram para isso. Mas em algum momento as (grandes) operadoras devem participar”, disse Lopes, ao citar especificamente a controladora da Claro. “A América Móvil vai ter que rever (o fato de que não investe pesado em M&A de ISPs). A Claro está bem posicionada, com evolução e velocidade importantes, mas está fora do movimento de fibra, que está sendo capturado por Oi e ISPs”, completou.

Castelo lembra ainda que, embora muitos falem do móvel pelo tema do leilão do 5G, a rede de fibra ótica ganhar uma importância relevante e que precisa ser “mais densa que hoje”, justamente para suportar todo o tráfego da quinta geração: “No 5G, você precisa saltar de 100 para 500 antenas. Então, nós podemos ver operadoras grandes comprando ISPs como alternativa de infraestrutura e de redução de custos”, explicou.

Em relação aos novos investidores do mercado de capitais, Lopes acredita que “depende do posicionamento de cada um”, porém, diz que aqueles que investem em infraestrutura e atacado “miram em um crescimento de longo prazo”: “O setor de telecom foi até mais crítico, com o crescimento dos últimos anos no Brasil. Para quem observa os ISPs é uma corrida de escala. A partir disso, muitos vão querer vender e se consolidar como empresas grandes para ter retornos interessantes”, completou.