O compartilhamento de infraestrutura é o presente e também o futuro das telecomunicações. As aquisições realizadas pela TIM no leilão de 5G foram pensadas para um modelo de compartilhamento de redes, seja com parcerias com as grandes operadoras nacionais, seja com as regionais. Em conversa com jornalistas, Mario Girasole, vice-presidente da TIM, explicou que o modelo de negócios de uma operadora, de montar toda a infraestrutura sozinha, já não existe mais há tempos. O modelo agora é baseado em parcerias até para poder atender um país com características tão diversas como o Brasil. E, segundo o executivo, o leilão foi desenhado visando esse modelo. “Até pelas características do leilão, essas possibilidades aumentam”, complementa o executivo.

Girasole explicou que o número de empresas interessadas no certame (15 ao todo) foi muito positivo e mostra que o mercado amadureceu de forma a atrair novos investimentos.

“Isso é bom para os novos entrantes, mas é bom para nós (TIM) também, que estamos aqui há 20 anos. Porque significa que os nossos investimentos são elementos de valor. Seria pior um leilão deserto porque significaria que se tratava de um mercado não atrativo. Quero, inclusive, parabenizar esses novos atores. Somos competidores, mas também somos parceiros”, diz. O executivo frisa que, após o leilão, a TIM está aberta a parcerias com esses novos atores, assim como deve estreitar laços com as empresas já parceiras.

“Nos interessa fazer compartilhamento com todas as interessadas. Lembro do primeiro acordo de RAN sharing no Brasil: fomos nós que fizemos. E agora é uma prática de mercado. As características do leilão incentivam esse tipo de compartilhamento”, explica o vice-presidente da TIM.

O executivo também destacou que a estratégia da TIM na aquisição do bloco nacional de 3,5 GHz foi nesse sentido, ou seja, na montagem de novas parcerias. “Temos vários blocos de frequências adquiridos no País inteiro e mesmo assim já temos vários acordos de compartilhamento. Com esses novos atores, essas possibilidades aumentam não apenas em nível nacional, mas regional também. Nossa posição na faixa nos permite ter de um lado as operadoras nacionais e do outro as operadoras regionais como parceiras, o que casa muito com a nossa estratégia de compartilhamento de infraestrutura, com qualquer parceiro”, complementa.

26 GHz

Sobre a aquisição da frequência de 26 GHz, Girasole contou à imprensa que foi uma aposta da TIM, mas, claro, sabendo das potencialidades da faixa. Entre as possibilidades de modelo de negócio estão parcerias entre diferentes setores, como o automotivo, logística, transporte, saúde e educação. “As possibilidades dessa faixa são indubitáveis. É uma frequência milimétrica voltada para serviços muito avançados. Diria que está mais voltada para serviços sem fio do que de serviços móveis. Temos algumas ideias, mas esperamos que esses setores tenham grandes ideias também para que, juntos, possamos criar valor entre infraestrutura e serviço”, completa.

Vale lembrar que a TIM comprou: 200 MHz em um bloco nacional com outorga de 10 anos e seis blocos regionais, todos com 200 MHz cada. Na região Sul, foram dois lotes, um com prazo de 20 anos e outro de 10 anos. A mesma estratégia de arrematar um lote de 20 anos e outro de 10 anos foi seguida pela TIM nas regiões de São Paulo (exceto o setor 33 do PGO) e de Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais (com exceção do setor 3 do PGO). Desta forma, nessas três regiões, se somado o espectro do lote nacional, a TIM poderá explorar 600 MHz em 26 GHz. E no resto do País, 200 MHz. Por todos esses lotes a operadora ofertou R$ 74 milhões.

5G SA

Sobre a implementação do 5G Standalone, Girasole explica que a TIM está pronta. No momento em que a frequência for adquirida, que forem assinados os termos e que se faça a limpeza das faixas, do ponto de vista industrial, a operadora estará pronta para disponibilizar a quinta geração móvel. “Acredito que a experiência da EAD, nos 700 Mhz, será muito importante para as coisas acontecerem de maneira mais rápida. E, quando isso acontecer, estamos prontos para o 5G SA. Lutamos muito por isso”, resume.

Fornecedores

Sobre os equipamentos para a implementação do 5G, o vice-presidente da TIM foi vago. Disse que está negociando ainda com “todos eles”. Sem dar nomes, “todos eles” significa Ericsson, Nokia e Huawei. “Os fornecedores de equipamentos, você sabe quem são, e estamos em negociação com todos eles. Sempre conversamos com todos, todos os fornecedores, todos os atores industriais, todos os atores de telecom, as parcerias verticais também. Porque o mundo de telecom é um mundo aberto”.