A Siemens pretende criar um marketplace com ofertas de serviços e produtos para a indústria 4.0 entre dois e três anos. O responsável pela área de digitalização da companhia, Rafael Alves, explicou que a oferta de prateleira é a terceira etapa para construir a Siemens Xcelerator, uma plataforma de negócios digital aberta.

Em portfólio, a companhia oferece basicamente quatro tipos de produtos: gêmeo digital; software de virtualização; equipamentos físicos (sensores de IoT, computador lógico, core de rede); e insights e serviços para tratamento de dados. A ideia da Siemens é ofertar a indústria 4.0 de ponta a ponta e com opções ‘as a service’, algo que vale para softwares e hardwares.

A segunda parte é aquela que está em construção no momento, a busca por um ambiente multiplataforma com parceiros e produtos que se complementem e atendam a demanda do mercado. É o caso da NVIDIA, um dos principais da Siemens na oferta de gêmeos digitais. Seus casos de uso mais famosos são a fábrica da BMW na Alemanha e uma fazenda vertical com 80 Acres nos Estados Unidos.

Apetite e aprendizados

Em conversa com a imprensa nesta terça-feira, 5, Alves explicou que há demanda reprimida em IoT e gêmeos digitais no País. Mas também tem a demanda por uma atualização do parque industrial, como paletes e computadores lógicos (PLCs). Entre os setores que buscam esses equipamentos e soluções digitais estão agronegócio, indústria, mobilidade e energia. Os casos de uso que buscam são em manutenção preditiva, segurança cibernética e melhor controle do consumo de energia, mas o executivo relatou que depende da necessidade de cada indústria.

Participante do Metaindústria, Alves ainda compartilhou com Mobile Time os primeiros aprendizados do projeto que busca alavancar a indústria 4.0 no Brasil. Em sua visão, o projeto mostra que a neoindustrialização não é a história de apenas um player: “Não dá para Siemens falar de metaverso sem a NVIDIA. De IoT e cloud sem AWS e sem Azure”.

“A história completa precisa ser contada para trazer a visão da indústria. Do contrário, será a tecnologia pela tecnologia. Como disse Pablo (Fava, CEO da Siemens), não dá para implementar um plano de rede privativa 5G olhando só o plano de negócios. É preciso (mostrar o todo) para dar um salto e mostrar os ganhos que temos aqui”, completou.

Barreiras

Tag de geolocalização com um parceiro da Siemens, Zegla (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

Alves também falou dos gargalos que tem percebido na implementação das redes privativas e de outras tecnologias da indústria 4.0. Para ele faltam “profissionais capacitados” para operar as tecnologias e as entender. “Isso é um problema global”, disse o head de digitalização da Siemens.

“Indo além desse ponto, os profissionais precisam ser protagonistas. Ou seja, se eu (profissional) entendo dessa tecnologia, preciso entender como ela funciona em uma indústria. Se estou em uma indústria química ou de bebidas, preciso saber que essa tecnologia funciona na minha indústria”, completou.

Da realidade que encontra, Alves relatou que muitos profissionais ainda não sabem o que é um gêmeo digital, tampouco que conectar dados em nuvem é seguro. Para resolver essa questão, a Siemens tem atuado com o preparo de profissionais via sua própria fundação e parceiros de educação, como o Senai.

Imagem principal: Rafael Alves, head de digitalização da Siemens, mostra caso de fábrica de cerveja conectada (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)