Para a Cisco, o mundo ainda levará cinco anos para conectar o próximo bilhão de usuários. É o que mostram os dados da pesquisa Visual Networking Index (VNI), coletados em pesquisas no mercado com analistas e clientes, divulgada nesta terça-feira, 7. Em 2015, a companhia contabilizou 3 bilhões de usuários conectados à Internet, o que equivale a uma penetração de 42% da população mundial. Para 2020, a previsão da empresa é de 4,1 bilhões, ou 52% da população mundial. E a maioria consumirá vídeo e em smartphones.

O número de dispositivos deverá subir dos atuais 16,3 bilhões para 26,3 bilhões, considerando as conexões máquina-a-máquina (M2M) e Internet das Coisas, que deverão representar cerca de 12 bilhões. A velocidade média, por sua vez, subirá de 24,7 Mbps para 47,7 Mbps, e o vídeo representará 70% do tráfego. Vale ressaltar a velocidade em regiões como Ásia/Pacífico, que saltará de 28,1 Mbps atualmente para 51,3 Mbps.

O tráfego total IP deverá atingir 194,4 exabytes/mês em 2020, contra 72,5 exabytes/mês em 2015. No interim, o tráfego de smartphones superará o de PC por volta de 2018. Segundo a Cisco, 30% do total do tráfego IP será feito com esses aparelhos, enquanto os computadores cairá para 29%. Considerando todos os dispositivos móveis e TVs, esses representarão 71% de todo o tráfego IP, contra 47% em 2015.

Vídeo ganha mais importância

Do total do tráfego IP, 82% (ou 109,9 exabytes/mês) será composto por vídeo (atualmente é 68%), com forte tendência ao consumo desse tipo de mídia em celulares, embora não necessariamente em redes móveis. "Isso é fator que temos atenção especial com a Cisco, o mercado e as operadoras, pois é um mercado que cresce exponencialmente", ressalta o diretor de provedores de serviços da Cisco, Hugo Baeta. O volume de vídeo irá quadruplicar no período, com predominância de conteúdo em HD (de 51,2% para 63% do total), levando o SD a cair (de 46,7% para 20,6%). Enquanto isso, o 4K passará a ter mais relevância, com participação de 2% para 16,3% no tráfego de vídeo.

A Cisco chama atenção ainda para o fenômeno do cord-cutting (fuga da TV paga), que mais do que dobra o consumo residencial de banda larga. A empresa afirma ser tendência já em 2016: enquanto uma residência comum consome 49 GB/mês, uma após o cord-cutting consome 102 GB/mês, em média. "É importante salientar que a suspensão do serviço de vídeo impacta no consumo da banda larga em casa", destaca o diretor de relações governamentais da Cisco, Giuseppe Marrara.

Uma tendência ainda incipiente, mas que deverá ganhar tração em cinco anos, é a da realidade virtual (VR). Segundo a companhia, o tráfego para esse tipo de aplicação já quadruplicou no ano passado (em comparação a 2014) e ainda crescerá 61 vezes até 2020. "A VR hoje é praticamente zero, mas chegará a 1,1 exabytes/mês. Ainda será para aplicações muito específicas, será percentual baixo (no total do tráfego IP), mas o volume específico dela não será desprezível", pontua Marrara. Um dos grandes impulsionadores da VR, os jogos online por si apresentarão o crescimento mais rápido dentre todos os serviços de Internet domiciliar, passando de 1,1 bilhão de usuários em 2015 para 1,4 bilhão em 2020.