Nas últimas cinco semanas o Facebook vem publicando uma série de anúncios em Washington DC, declarando seu apoio à atualização da regulamentação da Internet. De acordo com a Wired, não estão claras quais regulações a rede social é a favor, mas a ideia aqui seria menos sobre propostas de políticas específicas e mais sobre a tentativa de melhorar a reputação prejudicada da mídia social aos olhos dos tomadores de decisão na capital dos Estados Unidos.

De acordo com a reportagem, os anúncios sobre as novas regulações da Internet seriam parte de uma blitz geral não apenas do Facebook, mas também de Google e Amazon. As três empresa, juntas com o American Edge – um grupo de lobby pró-tecnologia que o Facebook reconheceu apoiar – têm colocado anúncios nos feeds na sua audiência de tomadores de decisão da capital dos EUA. Uma parte desse impulso veio na forma de patrocínios de boletins informativos. Depois de perceber um dilúvio desses anúncios no início de fevereiro, o Tech Transparency Project rastreou os patrocínios de dez boletins informativos dentro do Beltway (um perímetro geográfico que inclui algumas cidades, no entorno de Washington), como os sites Politico, The Hill, Axios e Punchbowl News. A entidade descobriu que, para cada dia de fevereiro, pelo menos um dos boletins informativos era patrocinado por uma das três empresas ou pela American Edge. Na terceira semana do mês, o Facebook sozinho patrocinou três deles.

Segundo a Wired, cada empresa adotou uma abordagem distinta para convencer os tomadores de decisão de Washington de que é uma “força para o bem”. O Facebook foi duro no ponto de vista de “apoiamos a regulamentação”. A American Edge enfatizou “as consequências críticas e de longo prazo para a segurança nacional que os Estados Unidos enfrentam se abrirem mão de seu papel de liderança em tecnologia”, como disse um anúncio. As publicidades da Amazon destacaram seu apoio a um salário mínimo federal de US$ 15 – e sua própria iniciativa em 2018 para implementar esse piso de pagamento para seus funcionários. Enquanto isso, o Google enfatizou o que descreve como seu apoio aos negócios de propriedade de pessoas negras.

Vale lembrar que as big techs vêm enfrentando uma série de processos antitruste. E, por outro lado, o Congresso norte-americano vem fazendo barulho sobre a revisão das leis como a Seção 230 do Communications Decency Act, que protege plataformas como Facebook e YouTube de responsabilidade sobre conteúdo gerado pelo usuário.

O noticiário aponta também que as empresas deixaram claro que desejam que o Congresso aprove leis sobre questões como privacidade de dados que impediriam a proliferação de uma série de leis estaduais, que formariam uma grande colcha de retalhos. Não à toa, essas empresas são as que mais gastam em lobby na cidade de Washington. De acordo com a Open Secrets, Facebook, Amazon e Alphabet (empresa-mãe do Google) gastaram US$ 19,68 milhões, US$ 18,73 milhões e US$ 8,85 milhões, respectivamente, em lobby em 2020.