No sul do Brasil o smartphone ganhou mais uma função: ele está substituindo o validador de bilhetes em ônibus em cidades no interior do Paraná e de Santa Catarina. Além de serem mais baratos que os validadores atuais usados nas grandes metrópoles, os smartphones são mais inteligentes: captam as informações sobre os passageiros (em que ponto entraram no ônibus; se são estudantes ou idosos etc) e as transmitem em tempo real, pela rede celular, para a empresa de ônibus.

A solução, batizada de Bus.Mobile, foi criada pela catarinense Mass.com e adotada em dez veículos da Viação Santa Rita, que opera em São Mateus do Sul/PR. Outros dez ônibus da empresa Praiana, que atua em Itapema/SC, cidade vizinha ao balneário Camburiú, receberão a novidade este mês. A Santa Rita está usando um Samsung Galaxy S3 como validador. E a Praiana adotará o Motorola Razr I.

Os bilhetes são eletrônicos e ficam guardados no celular do passageiro, em um app da empresa de ônibus. A comunicação com o smartphone-validador é feita através da tecnologia NFC (Near Field Communications), aproximando o celular do passageiro. Quem não tiver um smartphone com NFC pode usar um adesivo com a tecnologia. Os créditos são vendidos pela Internet ou em estabelecimentos comerciais das cidades onde as viações operam. Há também um app para o lojista, para a venda eletrônica dos bilhetes. Haverá em breve integração com o PagSeguro, para que o passageiro compre via cartão de crédito direto do app no seu celular.

A comunicação entre o smartphone-validador e a catraca, por sua vez, acontece via Bluetooh. Uma catraca especial para a solução foi desenvolvida pela empresa paulista Wolpac.

O aplicativo instalado no validador impede que o smartphone do ônibus seja usado para qualquer outra aplicação, como realização de chamadas ou navegação na Internet. Ele funciona apenas como validador. Isso inibe o furto do equipamento, assim como o fato de o smartphone ficar preso a um tripé.

Para resolver o problema da curta vida das baterias dos smartphones, o validador é alimentado por energia gerada pelo próprio ônibus, ficando permanentemente ligado em uma tomada.

Custo

De acordo com Marco Aurélio Souza, sócio-diretor da Mass.com, a solução é mais barata que um validador comum. Neste último é preciso passar uma fiação interna no veículo para a comunicação com a catraca e os dados contidos no validador só são transferidos para o sistema quando o ônibus chega na garagem, por meio de Wi-Fi. Contando o custo dessa infraestrutura nas garagens, o validador comum NFC sai por algo próximo a R$ 7,5 mil por ônibus, calcula Souza. "O alto custo inviabiliza que empresas de pequeno porte adotem a catraca eletrônica", explica. Usando a Bus.Mobile, o preço cai para R$ 3,5 mil por veículo, contando o smartphone, a catraca Bluetooth e toda a instalação, afirma.

Todas as informações enviadas pelos smartphones-validadores ao longo das viagens podem ser acessadas em tempo real, através de um site, pelos gestores das empresas de ônibus. Pelo uso da solução, a Mass.com cobra uma mensalidade, seguindo o modelo de software as a service (SaaS).

O executivo afirma que há outras empresas de ônibus do sul do Brasil interessadas em adotar a Bus.Mobile. E há planos de virtualizar todo o processo, o que permitirá que qualquer empresa no mundo compre os equipamentos, instale-os e contrate à distância a solução da Mass.com.