“Competição só vai melhorar quando operadoras não estiverem satisfeitas com as Orpas”, diz Abratual

As MVNOs brasileiras representadas pela Abratual entregaram recentemente um relatório à Anatel com argumentos para embasar a agência na elaboração da Oferta de Referência de Produtos no Atacado (Orpa) para operadoras móveis virtuais. 

No documento, enviado ao relator do tema na agência, o conselheiro Vicente de Aquino, são citados dois exemplos: o plano Vivo Easy e o projeto do governo federal Alunos Conectados. No Vivo Easy, é possível contratar 100 GB por R$ 299, o que significa um preço de R$ 3 por GB. No projeto Alunos Conectados, as operadoras Claro, Oi e Algar fecharam um contrato de 20 GB por aproximadamente R$ 10, o que representa R$ 0,50 por GB.

Os dois exemplos citados são muito mais baratos do que aqueles sugeridos pelas teles tradicionais à Anatel para a Orpa das MVNOs. Como valores máximos por GB, a TIM propôs R$ 3,99; a Vivo, R$ 5,3; e a Claro, R$ 17,9. “Em contraponto aos R$ 0,50/GB que as teles venderam para o governo federal essas propostas são uma cara de pau”, criticou Alberto Blanco, vice-presidente da Abratual e CEO da Veek, em conversa com Mobile Time. “A competição só vai melhorar quando as operadoras não ficarem satisfeitas com as Orpas”, acrescentou.

Na última sexta-feira, 5, matéria publicada pelo Teletime e reproduzida em Mobile Time mostrou que o preço de R$ 22,84 pela franquia de 20 GB a ser pago pelo governo federal no projeto Internet Brasil será mais que o dobro dos R$ 10 por 20 GB contratados para o projeto Alunos Conectados. A diferença é que a iniciativa Alunos Conectados foi liderada pelas teles tradicionais e a Internet Brasil, por MVNOs (Dry e Nuh! Digital) e com uso de um chip neutro.

A Abratual está confiante de que a Anatel vai elaborar uma Orpa com preços que incentivem a competição no mercado brasileiro através das MVNOs. Por sinal, a Orpa de roaming, que desagradou as teles, por outro lado animou o segmento das MVNOs. “Estamos com esperança que venha algo bastante consistente. O conselheiro deixou claro que quer ver competição. E para ter competição tem que ter preço”, concluiu Blanco.