A assinatura da medida provisória do Redata pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva contribuiu para movimentar o segmento de data centers, em especial na contratação de serviços de energia elétrica. De acordo com Camila Ramos, CEO e fundadora do Clean Energy Latin America (CELA), o dia seguinte já registrou busca de players do mercado por consumo de energia.

“Nas primeiras 24 horas, após a sanção do Redata, nós tivemos pedidos de conexão de 5 gigawatts (GW)”, disse a executiva especializada em contratação e negociação de soluções de energia para data centers.

Agora, Ramos reforçou que é essencial que os congressistas avancem com a aprovação do texto, pois acredita que muitas empresas a estão aguardando para avançar com contratações (FID, Final Investiment Decision ou Tomada de Decisão de Investimento na tradução livre para o português).

Vale lembrar, o Redata teve sua Medida Provisória publicada no Diário Oficial da União no último dia 17 de setembro, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias após a sanção presidencial ou perderá a validade.

Momento dos data centers

Para a CEO, há demanda e o cenário é positivo no Brasil. Além do Redata, disse que o segmento foi o que mais contratou energia de longo prazo, ou seja, em acordos plurianuais de consumo de energia com valores mais estáveis e menos custosos para contratantes.

“Quase um terço do volume de longo prazo, 203 MW médios, foram contratados pelo setor. Isso mostra que é algo que já está acontecendo. O setor de data centers não era um dos protagonistas no ano de 2000. Assim como não era em 2022 e 2023. Mas é um fenômeno que se concretizou em 2024.”, disse no Abes Summit 2025 nesta quarta-feira, 8, ao explicar que a tecnologia e o preço competitivo da energia colaboram para trazer novos negócios.

“Nesse ano (2025), só na minha empresa, estou trabalhando com cinco data centers para a negociação da compra de energia de longo prazo, são novas operações que estão sendo construídas”, completou a executiva, ao dizer que esses contratos são construídos com geradores de energia e em modelo de contrato de autogerador de energia com o controlador do data center fazendo um acordo direto com o gerador de energia.

O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes), Andriei Gutierrez, lembra que, em um cenário mais otimista, o Ministério das Minas e Energias (MME) estima que o Brasil tem potencial de geração de 13 GW para data centers até 2035.

Investimentos com Redata

Mais cedo, o diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, José Luis Gordon, afirmou que o recente lançamento do Redata pelo governo federal é uma oportunidade para apoiar o setor de data center e tornar o Brasil um “grande hub” nesta área.

“Mas a gente não quer que o Brasil seja somente um grande hub de data center. Queremos desenvolver a cadeia, seja em máquinas ligadas ao data center e todos os serviços – como a parte de nuvem e a inteligência artificial. E o Redata tem essa parte estratégica de poder estimular a indústria ligada à cadeia de data center e à cadeia de IA”, explicou o representante do banco de desenvolvimento.

Gordon afirmou que o BNDES tem, atualmente, uma linha de crédito com mais de R$ 2 bilhões com taxa de juros de 6,5% a 8,5% ao ano para o apoio ao desenvolvimento de data centers em todo o país.

Imagem principal da esq. para dir.: Ricardo Sennes, da Prospectiva; Camila Ramos, da CELA; Igor Nazaret, Embrapii; Andriei Gutierrez, Presidente da Abes (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

 

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