A utilização da faixa de 700 MHz é questão de sobrevivência para as operadoras regionais que adquiriram licença para operar em 5G, acredita Vitor Menezes, diretor de assuntos regulatórios da Ligga Telecom. “Neste primeiro momento, se nós não tivermos acesso a essa faixa, provavelmente vamos enfrentar muita dificuldade, em especial para aquelas operadoras regionais que não têm acesso à faixa de 2,3 GHz [destinada ao 5G]”, disse durante painel no 7º Fórum de Operadoras Inovadoras, evento organizado por Mobile Time e Teletime nesta semana em São Paulo. Atualmente, a faixa nacional está disponível para as PPPs e pode ser leiloada pela Anatel após ser devolvida pela Winity no fim de dezembro de 2023.

O executivo explica os motivos para a faixa ser fundamental: por uma questão de eficiência espectral do próprio 5G e por permitir voz. “Hoje, são pouquíssimos os devices no mundo que usam a faixa de 3,5 GHz que conseguem fazer voz, e são muito caros”, ressalta. Além disso, ele aponta que as operadoras ainda não estão vendo um movimento de inserção desses equipamentos [de 3,5 GHz] no mercado. Ou seja, ainda precisam da faixa de 700 MHz para os próximos anos. “Os equipamentos estão a partir de R$ 1 mil, R$ 1,2 mil. Pouca gente consegue pagar isso no equipamento para uma cidade de 30 mil habitantes, e por isso a necessidade dos 700 MHz”, compara.

Do ponto de vista regulatório, Menezes acredita que é importante que as empresas tenham compromisso de ativação e a certeza de que a faixa de 700 MHz será usada, para “não repetir o erro que outros cometeram”. “Essa é uma colocação que temos feito: nós precisamos de um cronograma para poder ativar essas ERBs em um prazo razoável para que as operadoras regionais possam, de fato, fazer uso dessa faixa de espectro”, conclui.

Para Jair Francisco, diretor de mercado da Unifique, a própria Anatel vem desenvolvendo um papel que atenda a preocupação do que é preciso ser feito para que a faixa de 700 MHz dê certo. “Talvez as primeiras etapas do processo não deram muito certo. Agora, eles têm um desafio pela frente que é como vai fazer a gestão dessa frequência. Porém, o fato é [se perguntar] quem está colocando a mão na massa, quem está trabalhando para fazer o processo funcionar, quem está precisando dessa frequência?”, questiona.

O executivo diz que, para isso, é necessário continuar trabalhando junto com uma solução, porque a empresa tem o desejo de usar essa frequência, ganhar velocidade e levar essa conectividade nas áreas que realmente precisam.

Foto: Vitor Menezes, diretor de assuntos regulatórios da Ligga. Crédito: Elaine Ballog/Mobile Time