A TIM Brasil afirmou nesta semana que o foco da empresa é no crescimento orgânico, mas a controladora Telecom Italia confirmou nesta sexta-feira, 9, que está de fato analisando uma possível aquisição da Nextel, inclusive com uma intenção de oferta já em discussão no conselho de administração. Segundo o CEO do grupo italiano, Amos Genish, a prioridade é de fato continuar investindo na operação brasileira sem contar com a possível consolidação, mas o primeiro passo já foi dado. “Posso dizer que temos interesse nos ativos, estamos na fase que estamos chamando de inicial. O que quer que aconteça, é uma oferta ‘non-biding’ [não vinculante], e vamos perseguir outros passos para entender mais sobre a oportunidade”, declarou ele durante teleconferência de resultados da companhia italiana.

Genish reiterou que a prioridade no Brasil é a de crescimento contínuo e orgânico, especialmente com o desempenho em pós-pago e na banda larga fixa (além do impacto na geração de caixa com benefícios contábeis advindos da decisão do STJ sobre PIS/Cofins), mas também que a Nextel é uma “oportunidade” que está sendo avaliada. “Vemos estabilidade pós-eleição, com cenário macroeconômico melhorando. [A TIM Brasil] é claramente uma das melhores unidades no grupo e continuamos considerando ela estratégica. Qualquer fusão seria complementar para melhorar a nossa competitividade econômica”, avalia o executivo. “A Nextel seria uma grande adição, mas não é mandatória”.

Sem surpresas, Amos Genish considera que o ativo mais importante é o “espectro complementar” que a incorporação traria, com capacidade nas faixas de 1.800 MHz, 800 MHz (ainda que na outorga de SME) e 2,1 GHz, especialmente nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo. Mas ele também destacou que um eventual incremento em backbone e backhaul vindo de outras aquisições poderia ser interessante para a TIM Brasil, inclusive em futuras estratégias. “A infraestrutura fixa para maior convergência também é prioridade, embora não vejamos nenhum alvo grande nesta fase. Estamos falando [no conselho] agora de Nextel, estamos vendo como está, mas não há nesse quesito nada em vista além do crescimento orgânico”, destaca.

Na quinta-feira, 8, a Nextel Brasil anunciou em seu balanço financeiro um resultado positivo no lucro operacional, mas com redução de receita. A empresa conseguiu finalizar no terceiro trimestre a operação na rede iDEN, e conta em seu planejamento estratégico com o refarming na faixa de 2,1 GHz para migrar clientes de 3G para 4G. Porém, a reutilização da faixa de 800 MHz em LTE ainda está em discussão, com o pagamento da migração de outorgas de SME para SMP em andamento, mas com uma baixa oferta de handsets compatíveis no mercado brasileiro.

Uma possível aquisição da Nextel se tornou possível graças às mudanças nas regras da Anatel para acúmulo de espectro em dois tipos: abaixo de 1 GHz, e de 1 GHz até 3 GHz. Agora, a regulação estabelece que uma mesma prestadora poderá deter faixas em caráter primário, considerando o limite para sub-1 GHz de até 35% o limite de concentração de espectro, podendo se estender até 40%, mediante condicionamento da agência. Para as faixas entre 1 GHz e 3 GHz, o limite é de até 30% de concentração, podendo estender-se até 40%, também mediante condicionamento do órgão regulador.